Mesmo quando a gente acha que está criando um prato, um nome, um termo, pode deixar a vaidade de lado porque logo logo vai descobrir que outros já pensaram como você, junto com você ou estão na iminência de pensar. Sempre foi assim, é que agora basta dar uma procura no google e você vai descobrir que não é o único em mais nada. Eu sempre dou uma pesquisada antes de sair por aí cantando de galo.
Foi o que aconteceu agora há pouco. Ontem à noite fiz angu, só com fubá, água e sal, sem nenhuma gordura, e despejei depois de pronto numa forma. Até o Marcos chegar, a polenta já havia esfriado e percebi que a nata que secou na superfície era firme e podia ser levantada com os dedos. Puxei e ela se descolou inteira, saindo como um papel. Deixei sobre uma peneira para ver o que acontecia até hoje de manhã. Achei que ficaria mais seca, mas ela continuou úmida. Hoje, na hora do almoço, ela ainda estava úmida mas já nem tanto. Resolvi então fritar na intenção de que mantivesse a forma da peneira, sobre a qual tinha deixado, para comer com um pouco de carne. Fritei em imersão no óleo bem quente e ela ficou crocante como um topopo mexicano (tortilla frita). Coloquei por cima ou que tinha por perto - feijão amassado e carne moída bem picante, completada com uma malagueta. Aí veio o nome, claro, pele de angu. Achei genial este nome, mas logo depois descobri que o termo já existe. De qualquer forma, achei genial. Encontrei três citações, sendo dois da mesma fonte, nenhum com foto (veja aqui). Um diz "frito no fogão de lenha", outro "pele de angu na fumaça". Claro, só podia ser em Minas, aquela coisa rural de colocar pra secar sobre a fumaça e o calor do fogão de lenha tudo aquilo que seja bom e que possa ser comido. Certamente "pele de angu" não é um patrimônio, mas simplesmente um jeito óbvio de chamar a parte aproveitada, um subproduto do angu, sem nome. Pois vamos começar a usar mais, porque, independente de quem tenha usado o termo primeiro, achei bonito e, mais que isto, o resultado é estupendo. Crocante e como sabor de pipoca. Experimente e me diga se não tenho razão. Ou todo mundo já conhecia, só a bobona aqui que não?
Como fiz o angu? misturei 1 xícara de fubá (de moinho de pedra) com 1 litro de água. Misturei bem, levei ao fogo e só mexi até engrossar. Abaixei o fogo, tampei e deixei cozinhar sem mexer por 50 minutos. Temperei com pouco sal e despejei numa forma baixa.
Crocante, crocante. Nhac! |
Sua ideia é muito boa! Você é muito criativa!
ResponderExcluirQuando eu era criança, brigava com os primos pela "rapa do angu". Se ela ficava meio queimadinha então.. era uma disputa danada.
Ps: Angu pra mim é fubá de moinho de pedra e água. Se por sal já é mingau de fubá! coisas de gente da roça..rs
Abraços,
Vah
Ha, pra mim, se coloca sal é polenta :) vou tentar fazer e depois conto!
ExcluirNeide a ultima foto atiçou fortemente minhas lombrigas.
ResponderExcluirVah, a rapa de angu é a que fica grudada na panela, né? também gosto desta. Pele de mingau de milho não é um bom nome, então vou ficar com pele de angu mesmo (ainda que tenha que tirar o sal rss). Obrigada!
ResponderExcluirLetícia, a diferença também é que polenta é feita com fubá de granulação maior. E pele de polenta é feio, né?
Dricka, é fácil fazer.
Um abraço,n
Mamãe até hoje guarda a rapa do angu pra mim, que às vezes descola inteirinha do fundo da panela e eu como assim como vc, com um pouco de feijão amassado e carne com pimenta. Bem coisa da roça mineira. :)
ResponderExcluirBeijos
Kenia
Tudo se aproveita,nada de desperdícios.
ResponderExcluirEu gosto servir o quiabo na rapa do angu.
Amei a simplicidade,aqui em casa também estão gostando da rapa de angu ☺️
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