Hoje quando encontramos por aí cenouras roxas ou amarelas (ou qualquer outra cor que não seja a laranja) nos enchemos de desejos, mas não podemos esquecer que as ancestrais cenouras cultivadas tinham coloração amarela ou roxa - alguns estudiosos acreditam que a cenoura laranja não existia até o século 16. Imagine o alvoroço na época e, pensando bem, as cenouras laranjas são lindas. Dizem que foi desenvolvida na Holanda em homenagem a Guilherme I de Orange durante a guerra holandesa de independência da Espanha, no século XVI. Mas há quem conteste a data de criação e o mito da homenagem. O fato é que as cenouras laranjas dominam o mercado e daríamos a ela a maior importância se todas as do mercado fossem vermelhas, só por ser diferente. Uma coisa é certa, cenouras roxas, vermelhas e amarelas eram cultivadas no Irã e na Arábia já no século 11.
Então, nada mais antigo que cenouras coloridas além do laranja. Sorte que cenouras coloridas foram preservadas por pequenos produtores em regiões remotas. No Afeganistão, as roxas e brancas ainda crescem selvagem e algumas comunidades as usam para produzir bebida. Através de seleção e melhoramento genético, foi possível se chegar a uma ampla variedade de cores e formas.
Estas de duas cores são híbridas, o que significa que para se chegar às suas sementes duas variedades diferentes foram cruzadas pelas mãos do homem. Assim, tem-se controle dos descendentes. Já a próxima geração pode ter predominância de uma ou da outra variedade usada no cruzamento, laranja ou vermelha. Por isto, para se ter sempre este mesmo desenho, novas sementes precisam ser compradas (a não ser que você saiba fazer seus próprios híbridos).
A parte vermelha deve ser muito rica em antocianinas ou pigmentos como os da beterraba, pois a água de cocção fica muito tingida. E a parte laranja, betacarotenos. Eu fiz salada com a raiz cozida e depois fatiada e também com pedaços assados no forno e grelhados na brasa. Todos os jeitos deram certo. As assadas na brasa ficam com sabor de defumado e macias principalmente se você deixa com as brasas já quase se acabando. Se o calor estiver muito forte, elas se queimam por fora e ficam duras.
No forno, deixado-as assar lentamente, ficam macias e concentradas em sabor. Tanto para o forno quanto para o fogareiro de brasa, corte-as em quatro no sentido do comprimento, com ou sem pele, ao seu gosto, tempere com sal e pimenta-do-reino e regue com um pouco de azeite.
Salada de cenouras
6 cenouras
1 colher (sopa) de azeite
1 colher (chá) de sal
1 pitada de pimenta-do-reino
20 folhas de hortelã
2 colheres (sopa) de mel, de preferência, de abelha nativa como a jandaíra
4 colheres (sopa) de suco de limão
Lave bem as cenouras, raspe-as e corte-as em quatro partes, no sentido do comprimento. Tempere com azeite, sal e pimenta-do-reino, coloque numa assadeira e leve ao forno quente, deixando por cerca de 20 minutos ou até que fiquem macias. Se as cenouras forem muito grandes, corte-as pelo meio no sentido da largura. Na metade do cozimento, mexa para que dourem por igual. Espere esfriar e tempere com hortelã, mel e suco de limão. Prove o sal e a pimenta-do-reino e corrija, se achar necessário. Se quiser, junte um pouco de azeite, mas não precisa.
Rende: 6 porções
6 cenouras
1 colher (sopa) de azeite
1 colher (chá) de sal
1 pitada de pimenta-do-reino
20 folhas de hortelã
2 colheres (sopa) de mel, de preferência, de abelha nativa como a jandaíra
4 colheres (sopa) de suco de limão
Lave bem as cenouras, raspe-as e corte-as em quatro partes, no sentido do comprimento. Tempere com azeite, sal e pimenta-do-reino, coloque numa assadeira e leve ao forno quente, deixando por cerca de 20 minutos ou até que fiquem macias. Se as cenouras forem muito grandes, corte-as pelo meio no sentido da largura. Na metade do cozimento, mexa para que dourem por igual. Espere esfriar e tempere com hortelã, mel e suco de limão. Prove o sal e a pimenta-do-reino e corrija, se achar necessário. Se quiser, junte um pouco de azeite, mas não precisa.
Rende: 6 porções
Nota: se quiser, junte à salada pedaços de queijo de leite de cabra, que combina (como este, da Fazenda Carnaúba, da família Suassuna). O mel de jandaíra que usei veio do Rio Grande do Norte, produzido pelos Jovens Agroecologistas Amigos do Cabeço (Joca). Ambos, excelentes produtos, presentes que ganhei no Semana Mesa São Paulo, e que também estou com dó de usar.
Neide, felizmente essas cenoras são abundantes por aqui [estão aparentemente fazendo um "retorno" aos palcos!]. uma amiga me deu um livro chamado Eating on the Wild Side de uma autora chamada Jo Robinson. Ela faz um relato histórico e depois explica os fatos nutricionais das evoluções, naturais ou feitas pelo homem, dos legumes, verduras e frutas. Da cenoura ela diz exatamente o que voce disse aqui. E que a cenoura laranja que consumimos hoje perdeu muitos nutrientes. As mais nutritivas sao essas mais escuras. E ela dá a dica de assar ou cozinhar no vapor as cenouras inteiras e só depois corta-las, pra preservar os nutrientes. Nem sou muito ligada nesses detalhes, mas curti muito ler esse livro. E estou seguindo um monte das dicas que ela dá ––como espremer o alho e esperar 10 min para as enzimas poderem se transformar e dar mais poder pra esse ingrediente. minha cunhada engenheira de alimentos pesquisadora da Emprapa confirmou isso, então realmente me animei! :-) beijao, Fer
ResponderExcluirLindas! Amo esses legumes que para mim eram diferentes e novos, mas que você ensina serem os mais primitivos. Sempre que vejo (e o bolso permite), trago para casa.
ResponderExcluirAbraços, Cris Yumi
lindas e apetitosas!
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