Mateiro como ninguém, Alonso nasceu e sempre viveu naquele pedaço de Soure, na Ilha do Marajó - PA, e conhece as plantas por nome e sobrenome, por hábitos e funções. Vai andando e dando a ficha - quem é, pra que serve, como colhe, como prepara. É invejável. As funções fitoterápicas se misturam com o conhecimento vindo da pajelança. São os banhos de cheiro, os para atrair amor, para espantar tristezas, trazer alegrias, chamar fortuna, conquistar a paz, pra icterícia de menino, gripe de marmanjo, quebranto etc. Estes assuntos estão presentes nas conversas dos mais velhos com grande frequência, mas os mais jovens já se vão ignorantando. Aos poucos, ninguém mais saberá reconhecer o bom cipó para se beber água fresca na floresta. Crianças já não querem nem mais tomar mingau na cuia.
Mas em matéria de ignorância, não fico atrás, apesar da curiosidade. É só andar um pouco com dona Jerônima e Alonso para gente se dar conta de que não sabe nada de nada. No manguezal você vê um monte de cipó e tudo parece igual quando Alonso puxa um e diz: este é o bom, este tem água. Tem o diâmetro certo, tem a casca com a cor ideal e ainda tem que ser aquele que não matará a planta se cortado. Também não pode ir passando o facão de qualquer jeito. Tem que cortar primeiro a parte mais alta num só golpe e só então a parte baixa, cerca de 1 metro abaixo, em corte enviesado. Sendo assim, a água escorre e basta deixar cair o líquido sobre a boca sedenta. Se cortar primeiro a parte de baixo e depois a de cima, água nenhuma escorre.
O coquinho buçu |
A linda flor do cipó, que se abre no alto da floresta |
muito interessante...
ResponderExcluire que flor maravilhosa!
Ju
Quero saber como se planta cipó d'água. Não achei em nenhum lugar ;-;
ResponderExcluirProcura uma raiz de cipó e planta onde tu queres, vai cuidando normalmente com adubo orgânico e regando.
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