Aqui, a versão integral do texto.
É hora de forragear pancs
Está
aberta a temporada de forrageio. Não,
não está no calendário oficial, não estou falando de abelhas à procura de
néctar e tampouco temos cá estações do ano tão definidas para eleger apenas a
primavera para a atividade. É só uma ideia
que pode ser divertida para estes dias.
Todo
mundo conhece o vigor com que as plantas,
cultivadas ou espontâneas, despontam com
a chegada das águas, como se acordassem ao menor barulho das trovoadas. Particularmente
são as ervas espontâneas e comestíveis que me atraem para fora de casa nesta
época do ano, quando estão vistosas e saudáveis. Junto com outras espécies pouco usuais, estas
ervas podem ser agrupadas sob a sigla Pancs – plantas alimentícias não
convencionais.
Neste
mesmo momento, várias cidades europeias abrem aos moradores e turistas a
temporada outonal de coleta de cogumelos. Acho invejável esta disposição para o passeio ao ar livre, com interesse não só alimentar mas também
botânico e de convívio, afinal a atividade quase sempre é grupal, colocando em
contato vizinhos e visitantes. Cada um
com sua cesta de palha, que é para deixar escapar esporos, além de guias com
fotos e nomes científicos.
Pois
a proposta é que, enquanto nossos
próprios cogumelos comestíveis não sejam catalogados e divulgados (sim, já há
muitos pesquisadores fazendo isto, inclusive na Amazônia), possamos ao menos
sair por aí com cestas e guias à mão para coletar ervas comestíveis que nascem
nas frestas, parques, calçadas e quintais.
Para
um reconhecimento seguro, é importante saber o nome científico e
universal. Como recurso, consulte guias como
os de ervas medicinais e ervas daninhas do Harry Lorenzi e outros, e a tese do
pesquisador Valdely Ferreira Kinupp, que
pode ser acessada virtualmente (www.000635324.pdf). Na Europa e Estados Unidos
há uma infinidade de livros sobre o assunto e, como muitas das nossas ervas
espontâneas são exóticas, eles podem ajudar.
E
agora, muna-se de cesta, tesoura, guias, amigos e um leve preparo na cozinha
para que na chegada todos cozinhem coletivamente. Você
também pode arrancar estas plantas com raízes e replantar em casa para
comer depois mais seguramente. Mas a graça está em forragear no espaço público
como se ele fosse a sua floresta.
Tudo
o que você faria com espinafre, também o fará com quase todas as ervas que
colher, mas aos poucos vai descobrindo suas particularidades. Vou listar apenas algumas espécies que você
deve encontrar facilmente em todo o país. Fique de olho nos jardins mal
cuidados, pois elas estarão lá: Dente-de-leão (Taraxacum officinale), beldroega (Portulaca oleracea), língua-de-vaca ou major-gomes (Talinum paniculatum), serralha
(Sonchus oleraceus) barba-de-falcão (Crepis japonica), mentruz
rasteiro (Coronopus
didymus), caruru (Amaranthus deflexus e outras espécies), serralhinha (Emilia fosbergii),
buva (Conyza bonariensis),
alho-de-perdiz (Nothoscordum gracile), tanchagem (Plantago
major), picão preto (Bidens
pilosa) e picão branco (Galinsoga
parviflora). Lave bem, pique, cozinhe e nhac!
Polenta de sarraceno
gratinada com ervas espontâneas
Para a polenta
1/2 xícara de trigo sarraceno
1 litro de água
1/2 xícara de fubá de milho
Sal
Para as ervas
1 colher (sopa) de manteiga
1 talo de salsão picado
2 cebolas picadas em rodelas
1 cenoura picada em lascas
1 colher (sopa) de farinha de trigo
½ xícara de caldo de vegetais ou água
100 ml de vinho branco seco
150 g de ervas picadas (caruru, beldroega e
picão preto)
Meia pimenta dedo-de-moça picada
20 tomates-cerejas partidos ao meio
50 g de queijo de leite cru maturado ralado
grosso
Para a polenta:
bata no liquidificador o trigo sarraceno com parte da água até os grãos ficarem
bem triturados. Despeje numa panela de fundo grosso junto com o restante da
água, o fubá de milho e 1 colher (chá) de sal. Leve ao fogo e mexa até começar
a ferver. Abaixe o fogo, tampe e deixe cozinhar por 40 minutos, mexendo de vez
em quando. Despeje a mistura em uma forma de bolo inglês untada com manteiga e
deixe esfriar. De preferência, deixe na geladeira de um dia para outro.
Para as ervas:
coloque numa frigideira a manteiga e leve ao fogo junto com o salsão, as
cebolas e a cenoura. Cozinhe, mexendo, até a cebola murchar. Pulverize por cima
a farinha de trigo e uma pitada de sal, cozinhe por mais um minuto e, fora do
fogo, despeje de uma só vez o caldo e o vinho. Misture e volte ao fogo,
mexendo. Acrescente as ervas e a pimenta e deixe cozinhar até que estejam
macias e a mistura, cremosa. Junte os tomates, misture e cozinhe só até
aquecer. Prove o sal e corrija, se necessário.
Montagem:
desenforme a polenta, corte em fatias e coloque-as num prato refratário
alternando com o molho de ervas. Espalhe o queijo por cima, leve ao forno bem
quente e deixe assar só até o queijo derreter e começar a dourar.
Rende:
4 porções
E nhac! |
olá! estava eu procurando algo sobre piracaia, minha cidade amada e achei vc, adorei seu blog e vou passear muito aqui, bjs.
ResponderExcluiré vdd
ResponderExcluirNeide,
ResponderExcluiramo este seu espaço e por isso passo por aqui diariamente!
Gostaria de uma receita de cerveja artesanal, se tiver alguma, me passa.
Abraços
Marcinéia
Genteee que loucura é essa aos poucos descubro que não somos os únicos alienígenas na Terra que comemos os "capins" que encontramos em nossa terra. Com meus compadres temos o desafio de a cada final de semana preparar uma planta diferente, é caruru, guaiapá, tem o abati, o pepino do mato... Parabéns pelo seu blog, estou meio perdida ainda por aqui, vc tem um guia (ou sabe onde encontro) sobre essas plantas comestíveis, moro no mato e quero aproveitar o que posso encontrar...Beijos e sucesso
ResponderExcluirTava estudando as plantinhas que pegamos na horta City Lapa hoje pela manhã (eu e Carlos) e veja aonde vim parar...na casa da mestra.
ResponderExcluirComecei de manhã com vc ensinando sobre a delícia que era o uso culinário do picão branco, o sabor.
E ao final do dia a linda foto com receita. Isto é aula de primeiro mundo, aprendendo sempre.
Valeu!!!!
Ana