segunda-feira, 2 de julho de 2012

Visita à Paraisópolis com David Hertz, da Gastromotiva




Um paineira jovem e um muro amarelo separam Paraisópolis do escadão que dá pro Morumbi. Ou o contrário. E uma muralha de prédios brancos no horizonte parece limitar a área que abriga cerca de 100 mil habitantes - a segunda maior favela de São Paulo. Por isto, Paraisópolis cresce pra cima. Um puxadinho aqui, um andar a mais acolá, e todos vão se ajeitando. Calçada quase não há. Lugar pra árvores e jardim, nem pensar. Cachorros também quase não vi, afinal, prioridade é gente. É arrumar um cantinho pro cunhado que está chegando com a mulher e filho. Sempre há espaço entre o chão e o céu. Ainda assim, há fora de casa crianças empinando capuchetas de folha de caderno usado, outras chutando bola com o pai, gente fazendo churrasquinho na porta, homem engraxando sapato com o pé apoiado na grade da escada, outros no bem bom: bar, cerveja, bilhar. E nos vasos que enfeitam portas e varandas, só plantas úteis, sabidamente úteis. Babosas para queimaduras, hortelãs pro chá do menino, manjericão para dor de barriga e quem sabe no frango, capim santo pra gente nervosa, rosa branca pra banhos de mulher e alecrins para cheiro de todos.  


Este passeio era uma das opções de atividades externas do Paladar-Cozinha do Brasil deste ano. Todos fizeram o maior sucesso. Teve visita a produtores rurais, ao mercado de peixe do Ceagesp, ao moinho de farinha etc. Eu só tive tempo para um e escolhi conhecer mais de perto as atividades desenvolvidas junto à comunidade local pela ong Gastromotiva, tocada pelo amigo David Hertz, que capacita gratuitamente em gastronomia jovens que não tenham condições de fazer um curso particular. É a gastronomia motivando mudanças.  O dia estava lindo e pudemos andar com tranquilidade pelas ruas estreitas. David tem muitos amigos lá e vai enroscando pelo caminho encontrando um e outro conhecido. Fomos apresentados a gente formada pela sua escola e que hoje toca seu próprio negócio, gerando empregos e renda na própria comunidade, como a Ana Laura, que já tem seu próprio bufê. 


Conhecemos outros projetos importantes como o Instituto Prof, onde almoçamos; o Bom Prato, com apoio da prefeitura;  e a casa Gosto de Saber, um projeto de inclusão social, onde um grupo de mulheres faz doces e salgados para festas. Foi lá que um outro ex-aluno do David ensinou aos visitantes a preparar caponata com banana verde e coração de banana. Mulheres mostraram como fazer geleia de casca de mexerica - deliciosa!


No Prof, fomos recebidos para o almoço com brinde de espumante e a comida estava tão boa que teria repetido outra pratada não fossem os bolos e salada de frutas que nos aguardavam de sobremesa. Todos que foram ao passeio estavam muito animados, especialmente a jornalista, fotógrafa, escritora, cozinheira Anissa Helou, que veio de Londres a convite do Paladar. Não perdeu uma pose e já postou alguma coisa em seu blog.  


Algumas fotos aqui e outras no album abaixo: 




Anissa e Camila Hessel

Ana Laura



Caponata de banana verde




Combinandinho em verde

David, Enzo e Ana Laura


Geleia de maracujá com pimenta







Tortinhas da casa Gosto de Saber (Tel. 3088 8119 - Pituca)


Clique pra ver mais fotos no álbum:

10 comentários:

  1. É muita comida diferente. rsrsr
    Não sei se eu teria coragem de comer.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Olá tudo bom amigo? estou seguindo o seu blog e acompanhando o seu trabalho. Se puder siga o meu também, o link é http://www.thieresduarte.blogspot.com/ desde já obrigado e parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir
  3. Neide, que bacana! Fiquei com vontade de tudo! E as fotos estão lindas, mesmo. Beijinhos

    ResponderExcluir
  4. Pode uma receitinha da caponata? da geleia? :D

    ResponderExcluir
  5. seu blog é uma obra de vida!

    http://deliciasdaisa.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. Na casa dos meus pais havia sempre coração ou umbigo de banana de "mistura", mas muita gente torce o nariz e é um desperdício se jogar fora algo tão bom. Parabéns pela divulgação de trabalhos tão interessantes e benéficos. Abç
    Izabel

    ResponderExcluir
  7. Janice, a única coisa diferente que havia era a caponata de banana verde, uma delícia. Você teria comido e gostado, tenho certeza. Os outros pratos que comemos eram bem familiares. Por que não teria coragem?

    Maria Lúcia, obrigada. Da geleia não tenho - a Gastromotiva tem pra vender. Mas da caponata, está aqui: http://come-se.blogspot.com.br/2009/06/receita-que-fiquei-devendo-caponata-com.html (vi que você já a encontrou).

    Obrigada, Isadora!

    Izabel, Sim, é um desperdício jogar fora este ingrediente tão gostoso e nutritivo.

    Um abraço, N

    ResponderExcluir
  8. Obrigada, Neide, já escrevi para eles para ver se mandam para mim.
    A sua caponata é só do coração, achei na internet umas receita com a casca da banana verde também e vi o que fazer com a massa http://come-se.blogspot.com.br/2009/01/um-uso-para-as-bananas-verdes-caril-de.html
    :D
    Agora, é só achar alguém gentil que me ceda o coração

    ResponderExcluir
  9. Maria Lúcia,
    a caponata pode ser feita com o coração ou com a casca cozida (junto com a banana verde) e picada finamente. Quem tem bananeira geralmente corta o coração pras bananas crescerem mais.

    Um abraço, N

    ResponderExcluir
  10. Projeto lindo, Neide! Sempre que vejo coisas assim, acredito que o Brasil vá pra frente e ai fico ainda mais apaixonada por ele.
    E se os olhos são o espelho da alma, os seus espelham, fotografam e espalham poesia. As fotos ficaram perfeitas é assim que gosto de ver o Brasil representado, com toda a imensa beleza do povo simples que somos! Não precisamos ser a primeira, nem segunda e nem nona economia do mundo, desde que absolutamente TODOS tenhamos a dignidade de botar o pão na mesa, e que, se possivel, ele seja caseiro, compartilhado pelo prazer da companhia e não pela solidariedade da necessidade.
    Adoro iniciativas como esse da Gastromotiva!
    Bjs

    ResponderExcluir

Obrigada por comentar. Se você não tem um blog nem um endereço gmail, dá para comentar mesmo assim: É só marcar "comentar como anônimo" logo abaixo da caixa de comentários. Mas, por favor, assine seu nome para eu saber quem você é. Se quiser uma resposta particular, escreva para meu email: neide.rigo@gmail.com. Obrigada, Neide