O livro Histórias e Receitas de Limeira, ganhei de minha amiga Veronika Fazia tempo que não ficava em São Paulo durante um feriadão como este. Foi bom porque deu pra colocar o cinema em dia, almoçar na casa de amigos, visitar Paranapiacaba e, claro, reinar na cozinha. E, tirando ontem, os dias foram de muito sol, oportunidade única para testar a receita de pororoca ou mandiopã que eu já tinha visto neste livro sobre a comida de Limeira, lugar onde foi criado, mas fui instigada pela citação do Roninho no vídeo da Mercearia Paraopeba, que vende o produto solto feito pelas donas.
A receita de mandiopã e o nome pororoca: clique e amplie a foto acima e verá a fórmula original, que segui quase ao pé da letra, e também explicação sobre a história e o nome da iguaria. Aqui, o jeito que fiz:
Mandiopã ou Pororoca
Misturei 2 xícaras de fubá, 4 xícaras de água e 1 colher (chá) de sal e levei ao fogo, mexendo, até virar um mingau grosso. Esperei esfriar, juntei meio quilo de polvilho azedo e amassei bem até ficar com consistência de massa de modelar. Veja abaixo. Dividi a massa em dez e fiz roletes com cerca de 13 centímetros de comprimento. Coloquei bastante água para ferver e cozinhei os rolinhos, de dois em dois, até subirem à superfície (como nhoques). Alguns demoraram até 10 minutos para cozinhar. Deixei escorrer e esfriar bem, coloquei numa peneira forrada com pano, cobri com outro pano fino e deixei um dia inteiro sob o sol. Guardei os rolinhos abertos na geladeira para ressecar ainda mais e no outro dia cortei em fatias milimétricas. É como fatiar um queijo parmesão bem duro. Trabalhinho duro (da próxima vez, se houver, tentarei deixar os rolinhos menos ressecados, para ver se fica mais fácil fatiar). Por isso, tentei cortar usando o processador. É vapt vupt, mas o resultado não é muito delicado e na hora de fritar, pode acontecer de não pipocar direito e ficar meio borrachento. As fatias finas vão novamente ao sol até ficarem bem duras e quebradiças. Aí é só guardar para fritar em óleo quente.
Rendimento: 800 g de fatias secas
Abaixo, algumas considerações:
Em vez de 8 rolinhos, achei melhor e mais prático para cozinhar, fazer 10 menores. Se não cozinhar direito, o miolo fica opaco e não translúcido como deve ficar. E na hora de fritar não fará uma boa pururuca, ou pororoca.
A pior parte da receita é fatiar finamente. Os rolinhos não acabam nunca... Se quiser usar o processador, é muito rápido, mas as fatias saem mais grossas.
Depois de secos ficam quase como pedaços de acrílico.
A temperatura. Até 183 ºC, o óleo ainda não estava no ponto. Quando chegou em 187 ºC é que as fatias começam a pororocar. É melhor fritar com cestinha para não perder tempo na hora de tirar e não correr riscos de queimar. Mergulha-se a cestinha com cerca de 50 g do produto seco e retira rapidamente assim que pororocar tudo. Não economize no óleo para evitar que ele resfrie quando jogar ali as pororocas. As fatias têm que ficar mergulhadas, se não as pororocas ficam mais encharcadas. Não deixe o óleo aquecer até o ponto de soltar fumaça. Se não tem termômetro, teste com uma fatia de mandiopã. E também não deixe as pororocas ficarem douradas.
Absorção de gordura: pesei 50 g antes e a mesma porção, depois de frita e passada em papel toalha. Como se vê na foto, temos 10 g de absorção de óleo. Como a porção deu para dois, cada um comeu 5 g de óleo (a quem possa interessar, 45 calorias, o que não chega a ser um grande pecado, concorda?).
O sabor: eu poderia ter acrescentado sabor à massa (quando criança, adorava o de camarão - que deve ser colocado em pasta no angu inicial), mas como era um teste, preferi não arriscar e fiz na hora de servir uma massala com grãos de coentro, cominho, cravo, assafétida, cúrcuma, grãos de mostarda, sal e pimenta vermelha em flocos. Moí tudo junto, na hora (menos o sal que enferruja meu moedor).
Nossa, estou encantada com o resultado. Mandiopa foi o salgadinho da minha infancia, e nao tinha a menor ideia que era assim tao trabalhoso de fazer.
ResponderExcluirNeide, voce eh mesmo admiravel nas suas propostas culinarias. Que capricho! Congrats!
Beijo
Oi Neide,
ResponderExcluirÉ trabalhoso, mas acho que o resultado vale a pena. Sabe, minha sogra era da Indonésia, e lá há um tipo de salgadinho chamado Krupuk ( de camarão, peixe ou arroz). É uma delicia, e parece muito com o mandiopã, mas é um pouco mais consistente. Acho que vou experimentar essa receita e colocar pasta e caldo de camarão no angu. Eu não tenho sua "expertise", mas, tomara que dê certo!
beijos
Rosemary
Querida.Adoroooro o seu blog mas nao vou fazer mesmo isso,melhor comprar pronto,ne?Melhor curtir o tempo com outras coisas mais importantes do que fazer isso.Sorry,baby.Beijao.zenaide storino.
ResponderExcluirJá atinha ouvido falar desse blog, mas não imaginava que era tão fantástico!
ResponderExcluirParabéns
Dani
Odete!
ResponderExcluirEu tinha muita curiosidade em fazer. Mas realmente é muito trabalhoso. Melhor comprar pronto.
Rosemary, eu já vi na Liberdade uns bem parecidos também. Depois me conte se deu certo o seu com camarão.
Zenaide, obrigada! O legal é ter a liberdade de aproveitar o tempo com o que dá prazer, seja a coisa importante ou não. Também achei muito trabalhoso, talvez nunca mais o faça, mas adorei passar o tempo com isto e deixo aqui porque sempre haverá outros curiosos como eu.
Dani, pôxa, que afago bom numa sexta-feira.
beijos, n
Neide, qaunto tempo no vejo falar de mandiopan,tem um indiano aqui que faz, e sei que da um trabalhão dannado, o telhado da casa dele fica cheio de formas, para secar ao sol,(Indiano tem mania de telhado, com alimentos), eu não me meto a fazer pois sou,ruim de medidas até que consigo uma balança melhor que não me atrevo: que male pergunto como esta seu joelho, melhorou beijs.(Diu)
ResponderExcluirQue legal essa receita. Não digo que tentarei fazer algum dia, mas achei interessante. Minha mãe sempre fala com saudades dos mandiopãs que minha bisavó fazia lá em Bastos. Ela usava mandioca ralada junto com batata doce (acho que também ralada). Deixava assentar o amido na água, coava e cozinhava no vapor os rolinhos de amido. Fatiava com a paciência nipônica e deixava secar na peneira de taquara. Minha mãe diz que ela guardava os chips num vidro enorme e assavam na brasa. Também podia ser frito em óleo. Infelizmente minha mãe não tem a receita, pois a bisa fazia tudo a olho.
ResponderExcluirBeijos
Diu, acho uma ótima ideia aproveitar os telhados. Meu joelho melhorou sim, obrigada.
ResponderExcluirPapilles,
pôxa, fiquei com vontade de testar esta receita. Quem sabe um dia.
Um abraço, N
Parabens valeu, mas me diga como fazer os rolinhos,abraços
ResponderExcluirMeu e-mail sdslog@bol.com.br
ResponderExcluiroi neide adorei essa receita, como de faz a pasta de camarao, voce pode me ensinar, quando era criança existia uo job's que era de camarao, espinafre e queijo, hummmm era uma delicia, sua receita me fez lembrar a infancia, tchau meu email é jussaraxavier21@gmail.com
ResponderExcluirCaramba!
ResponderExcluirVocê é incrivelmente perfeccionista!
Nunca ví alguém levar tão a sério e com tanta precisão um experimento culinário.Parabéns.
Moro em ap"e"ertamento e nada consigo fazer, sem que a farinha vá parar sobre a cama ou a televisão. O dia que tiver alguma coragem tentarei!
Parabéns mesmo!!!
Faltou a assinatura: Carlos.
ResponderExcluirolá meu nome é walquiria, minha mãe fazia pra mim meu irmão e minha irmã quando eramos crianças adorei mas não consigo imprimir
ResponderExcluirAmei a receita de mandiopã! Por isto gostaria de compartilhar a minha que é bem mais simples.
ResponderExcluirCompro um pacote de macarrão do mais barato que tiver. Cozinho e coloco para secar ao sol. Guardo em latas ou vidros e na hora de comer é só fritar em óleo quente. Fica muito bom! Espero que goste! Bjus e obrigada por compartilhar tantas receitas maravilhosas!
Que legal sou Limeirense e conheci a família Chiavone, minha mãe trabalhou com elas e falavam muito do mandiopã.
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