terça-feira, 21 de julho de 2009

Pirinópolis, catolés e caramoelas


Excesso de bagagem: frutos de baru, chuchus pra plantar, biscoitos de queijo, doce de leite na lata, mané-pelado, marmelada de santa luzia, pequi em conserva, compota de cajuzinho do cerrado, frutas cristalizadas, castanhas de baru, queijo branco, requeijão moreno, geleia de cagaita, geleia de hibisco, cará-moela, cúrcuma, cebolinha branca, semente de quiabo, de alfavaca, feijão guandu, muda de cará-de-espinho e um pilão duplo e pesado. Fora as ovas de curimatã que ganhei da Adriana, de Natal, e caju-passa, presente da Irineide, de Recife. Que eu me lembre.
Com excesso de bagagem, cheguei ontem de Pirenópolis - GO, a terra do empadão e da pamonha, onde líderes de convívios brasileiros do Slow Food se reuniram para discutir assuntos como Arca do Gosto, Fortalezas e Terra Madre. Graças ao apoio do IMCA (Instituto Morro da Cutia). A escolha do lugar foi estratégica já que poderíamos ser recepcionados pelo Convívio local e ainda conhecer a Fortaleza do Baru, ali perto. Não deu tempo de fazer trilhas nem visitar cachoeiras, porque a programação de reuniões foi intensa, com discusões às vezes acaloradas. Mas no final o que fica é o calor do encontro de pessoas unidas por um ideal (aquela coisa do Slow Food - comida boa, limpa, justa). Apesar do aperto, quem não foi pra gandaia na rua do lazer no sábado à noite ainda conseguiu acordar cedo e pegar a feira-livre de domingo, com produtos locais, antes de subir no ônibus para a visita programada para 8 horas da matina.

Na feira: palmitos guerobas, leite cru, jurubebas, cará-moela, ovos caipiras

Na pousada: queijo com rapadura

Segundo a cozinheira Nadja, as almôndegas são chamadas por lá de armoncas. Estas, minis, com molho de goiaba, estavam muito boas.
Quando não se está discutindo rabos da reunião, o assunto preferido dessa turma, advinhe qual é. Comida, claro. Tem gente de tudo quanto é lugar do Brasil e o que mais me empolga são as diferenças regionais que aparecem a todo momento. Basta alguém pegar um limão que já aparece um repertório enorme de nomes. Na minha terra este limão se chama galego. Não, é limão-china. Que nada, lá onde moro é limão comum. Imagine, na minha cidade, é limão bergamota. Sem certo nem errado, assim vai. Aguarde filminho sobre isto.
No domingo fomos ainda conhecer a Associação de Desenvolvimento Comunitário do Caxambu, da Fortaleza do Baru, uma comunidade de agricultura famíliar que beneficia o baru e cultiva vários outros alimentos seguindo um modelo agroecológico. Fomos pra roça, andamos no mato e almoçamos frango caipira e outras delícias. Trouxe de lá sementes de feijões guandus de cores variadas, milhos crioulos, quiabos nativos, hibiscos vermelhos e rosados, raiz de cará de espinho etc. Mas também deixei em troca alguns feijões - levei minha caixinha de amostras e havia nela muitas variedades não existentes por ali.
Na Pousada Mandala nossos almoços e jantares foram preparados por dois cozinheiros talentosos do Convívio de Pirenópolis: a Nadja Nairas e o Sebastião Maria de Sá, que nos mimaram com angu de milho verde; paçoca de carne seca com baru; risoto goiano - com pequi, linguiça, guariroba e cúrcuma; doce de laranja da terra; caldinhos de feijão e de abóbora e pratos que estimulavam o repeteco. Mas o café da manhã e os lanchinhos não ficavam atrás - todos incrementados com ingredientes locais. Comida boa também comemos no Dom Francisco, restaurante do Francisco Ansiliero, líder do Convívio de Brasília.

Em Pirenópolis, a feira chamou minha atenção a quantidade de jurubeba que tem pra vender em várias bancas. E pelas garrafas de leite cru, pelo requeijão moreno, o frango caipira, os palmitos catolés e também os guerobas enormes. Bem, agora preciso dar conta daquela mesa de coisas.
Se quiser ver mais fotos, aqui estão:
No Restaurante Dom Francisco
Fotos da Fortaleza do Baru
Fotos da cidade de Pirinópolis

13 comentários:

  1. Olá Neide
    Passo sempre por aqui. Tal como você gosto muito de comidas diferentes, de conhecer coisas novas e de provar de tudo um pouco. Estou a comentar porque achei engraçado o nome geleia de cagaita, porque cagaita aqui no Algarve onde eu vivo é aquela porcaria que se tira do nariz, também conhecida por macacos ou burrié (no Brasil, não é?). Nunca provei a cagaita algarvia, mas acho que essa aí deve ser bem boa. Cumprimentos
    Dora

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  2. Nooossa!!! Fantásticooo! Vale demais a viagem, heim? Delícia tudo! =)
    beijos

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  3. Oi, Dora,
    por aqui, porcaria de nariz é caca, meleca, catota. Cagaita tem este nome sugestivo por causa do efeito laxante quando consumida em abundância ou quando estão muito maduras, recolhidas do chão. Parente da goiaba, uma mirtácea, é uma delícia, ácida, doce e perfumada. Mas injustiçada pela nome (batizada em latim como Eugenia dysenterica!).
    Um abraço, N

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  4. Somos privilegiados de tê-la conosco nessas viagens - verdadeiras aulas e inspiração!!!
    Rezo para que os proximos encontros não tardem...
    abraço carinhoso, adriana

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  5. Viva Neide!
    O título deste post fez-me sorrir. Parece-me uma linguagem infantil inventada.
    Quanto à cagaita e à sua homónima latina disenteria fiquei esclarecida...
    Beijos carinhosos
    Dri

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  6. Sabe Neide, o que eu acho + legal nesta coisa toda, é o ideal que move vcs todos verso este senso comum.
    Pq mais do que comer legal e aprender coisas, penso que encontrar os nossos "pares", por este mundo afora, é uma coisa muito gratificante!
    Gostei de tudo o que eu li aqui.
    Bjs!

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  7. Nossa! Que viagem em todos os sentidos. Falando em catolé será que é o mesmo que no meu Ceará chamamos de coco babão, que tem uma polpa fiapenta e babosa que é uma delícia. Ficávamos lambuzados comendo a polpa para depois quebrar o coquinho e comer a amendoa.

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  8. Ola Neide, Puxa nao pude participar por que tinha que vir a França a trabalho e agora vejo esta reportagem maravilhosa e fico ainda com mais saudades do Brasil, de Piri e desta turma.Beijos
    Murielle

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  9. Oi, Maria das Graças, já vi o nome coco-babão associado ao jerivá e à espécie Syagrus cearensis, que também recebe o nome de catolé. Mas a espécie deste palmito de Pirinópolis é outra. Veja o post que fiz sobre ele aqui: http://come-se.blogspot.com/2009/07/catole.html
    Mas fiquei com vontade de comer este coquinho babão e sua amêndoa.
    Um abraço, N

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  10. Oi, Murielle!
    Foi pena mesmo. Sorte sua que pode ter tudo isto sempre à mão quando voltar a Pirinópolis.
    Beijos, N

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  11. Linda a materia.Conhecendo a nossa querida Pirenopolis,sabemos o quanto ainda temos de mostrar e divulgar as comunidades em geral.Pediria o seu OK para publicar em nosso blog:www.omelhordepirenopolis.com,
    obrigado e que possamos encontrar em breve em PIRI.

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  12. Oi, Leandro!
    Pode publicar sim, claro.
    Um abraço,
    N

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  13. OLÁ NEIDE
    GOSTARIA DE REGISTRAR EM SEU BLOG UM DOS LUGARES QUE TIVE O PRAZER DE COMER EM PIRENÓPOLIS QUE FOI O ''SANTA DICA''.UM LUGAR BEM PRODUZIDO PARA DELEITE DE SEUS FREQUENTADORES.ESTÃO DE PARABÉNS TODOS QUE TRABALHAM LÁ.NOS ATENDERAM MUIIITO BEM.ALÉM DO CARDAPIO TAMBÉM BEM PRODUZIDO E A PREÇOS SAUDÁVEIS....ADOREIIIII E CLARO ,VOLTAREI LÁ EM BREVE.VISITO A CIDADE COM FREQUÊNCIA E A CADA VEZ DESCUBRO MAIS LUGARES INTERESSANTES PARA ME HOSPEDAR E COMER....

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