A Arca do Gosto é um dos projetos da Fundação Slow Food para a Biodiversidade. Trata-se de um catálogo que identifica, descreve e divulga alimentos ligados à memória e identidade de uma comunidade e que correm o risco iminente ou potencial de desaparecer. Para entrar neste catálogo, não basta estar o alimento em risco de extinção. Ele tem que se encaixar ainda numa série de outros critérios. O alimento deve ser inscrito pela comunidade interessada em protegê-lo ou ser indicado por membros do Slow Food, líderes dos Convivia e interessados. Após ser indicado, o alimento é submetido à avaliação de uma Comissão Nacional, da qual faço parte. E, depois, à Comissão Internacional, que tem a participação da Roberta Marins de Sá, coordenadora dos projetos do Slow no Brasil.
Como somos todos voluntários e moramos em diferentes lugares do Brasil, esta foi a primeira reunião da comissão em 4 anos. E graças ao apoio da ong IMCA - Instituto Moro da Cotia. Por isto, tivemos que avaliar de uma só vez 13 candidaturas. Nem todas se ajustaram aos quesitos da Arca, mas o resultado ainda não foi concluído ainda. E a definição dos novos alimentos escolhidos só sai depois que o nosso parecer for aprovado pela Comissão Internacional. Então, não adianta me perguntar por este ou aquele alimento, que ainda não posso falar.
De qualquer forma, foi um prazer poder avaliar delícias e ainda participar de uma programação intensa organizada pelo Convivium local liderado pelo Claudio Agenor de Andrade, que gentilmente cedeu espaço no engenho histórico, de família, junto à sua casa. Dentre as atividades, tivemos um inédito Festival Gastronômico "Comidas Típicas da Ilha". Se para os moradores da vila de Santo Antônio de Lisboa, que sediou o encontro, aquelas comidas todas já foram uma surpresa emocionante, para o Come-se, então, foi um prato cheio. Tanto, que falo dele mais adiante.
Outra coisa fantástica foi poder ver de perto o trabalho de algumas das Comunidades do Alimento da Rede Terra Madre. Pudemos acompanhar, por exemplo, todo o processo de produção de farinha de mandioca polvilhada no engenho do Seu Osmar Mendes Marcelino e ainda almoçar tainhas deliciosamente assadas na brasa. Antes, tomamos café colonial com as irmãs Inácia, Wilma e Maura do Nascimento, da Comunidade da Bijajica (já dei aqui uma receita de bijajica da dona Lourdes, de Garopaba, que acabei encontrando no engenho do Seu Osmar). No dia da reunião, almoçamos pratos com berbigões (um dos alimentos avaliados) preparados pelo o chef Ubiratan Farias, do Restaurante Villa Açor de São José (SC). E nestes dias comemos três vezes no restaurante Chão Batido, do Ivan Sartorado, também membro da Rede Terra Madre e que faz um purê de aipim com camarão como ninguém. Além de tainhas escaladas na brasa inesquecíveis.
Visitamos também uma horta orgânica linda de doer. A sorte é que com um friozão daqueles, ninguém sentiu vontade de se aventurar nas lindas praias de Florianópolis. Se o sol que azulava o céu também aquecesse a água, certamente arranjaríamos tempo. Falarei de tudo aos poucos, ao seu tempo.
Ah, empresas afinadas com o tripé "bom, limpo e justo" do Slow Food, que quiserem apoiar o próximo encontro, são bem-vindas!
Enquanto não falo individualmente de cada coisa, deixo aqui algumas fotos - Clique e veja o album.
Não é por acaso que volta e meia faço propaganda do seu blog e homenagens... Quanta coisa interessante!
ResponderExcluirSei que é uma responsabilidade essa atividade da qual você participa, mas deve ser muito gratificante.
Parabéns pelo trabalho.
Bjs.
..fotos lindas..que vontade de conhecer os produtores e de experimentar os produtos! parabens pela clareza do discurso e do assunto..quando vamos receber informaçoes sobre os novos produtos da Arca?
ResponderExcluirquero exprimir toda a minha admiraçao pelas suas pesquisas sobre os alimentos "desconhecidos"..
Fulvio
fulvioier@yahoo.it
Maravilhoso!
ResponderExcluirAquelas ostras na beira da lagoa são inesquecíveis...
Oi Neide:
ResponderExcluirAinda é de manhã e estou aqui já de boca aberta, não só de vontade de comer tanta coisa boa e simples, mas pela beleza do projeto da Arca, pela descrição que vc fez de tudo, etc, etc....
Ze Augusto disse...
ResponderExcluirNeide, será que sabe me informar onde encontro folhas de JAMBOLÃO, ou então se tiver em arquivo, me mande a foto desta folha. Sigo sempre teu blog e sou parceiro em alguns projetos de casas novas com a Aninha do Mesa III. Meu e-mail é jak@rfmk.com.br . Parabens pelos amargos. Maravilhoso este trabalho. Fiz uma vez em teste Jilós em calda de mel, maravilhoso, parece Figo. Abs
Neide,
ResponderExcluirtem horas que abro seu blog e viajo. Senti o cheiro dos beijus assando, tomei café com bolo de milho e me deliciei com as fotos.
Você nos inspira a abrir os olhos e descobrir "os coméstiveis" à nossa volta.
Ontem eu achei um pé de amora (Morus celsa nigra) cheio de frutas maduras, a maioria no chao. Colhi e comi um monte com a filhota.
bj
Oi Neide,
ResponderExcluirAcho que perdi um belo encontro!
Parabéns pelo relato, quase tem cheiro e gosto...
*<:o)
Abs
Mário