quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O moinho que não faz cuco


Moinho de pedra da marca schnitzer



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Há uma passagem de nosso passeio a Porto Alegre que já ia ficando no esquecimento, até que ontem a Mariângela me escreveu reclamando que adoraria fazer os pães alemães de um livro de receita que ganhou da amiga, mas pedem ingredientes raros (“negócio é que o povo lá, na Alemanha, é muito especializado em pães e são muito gostosos, tão divinos quanto na França. Daí que mais da metade das receitas do livro é composta de pães cujos ingredientes simplesmente não existem por aqui; e pior, eu conheço estes ingredientes dos tempos que morava lá e sei como ficam os pães então......que triste! Tem até pão de "capim dos alpes").
Aí me lembrei e disse a ela que ao menos poderia fazer pães com grãos de diferentes granulações, já que tem um moinho de pedra, elétrico, lá em cima do armário juntando pó. É fantástico, da marca alemã Schnitzer. Quando ela me contou, o Rui se apressou em tirar de cima do armário, mostrar o funcionamento e contar a história. O casal teve que negociar. Ela acabou convencendo-o que um moinho poderia ser mais útil que o relógio cuco com que sonhava. O cuco do Rui ficou no sonho, calado. Já o moinho não sai do armário. Do que uma mulher é capaz, hem? No outro dia, compramos trigo no Mercado, estreamos o moinho e fizemos chapatis. Todos ficaram felizes, até o Rui sem seu cuco. E eu, claro, mais ainda, não só por ver o moinho trabalhando a todo vapor, mas pela generosidade do Rui e da Mari por nos ter dado a oportunidade de viver um momento único e especial de estréia do polêmico moinho de pedra que, por sonhar ser mais útil do que é, ganhou, certo dia, a batalha contra um relógio-cuco, mais romântico que utilitário.

Email de Mariângela para mim
Neide, pois é, quando adquiri este moinho estava numa fase totalmente natureba da minha vida, era vizinha de uma padaria orgânica e de um mercado natureba, conhecia todo mundo, ia às compras sempre ali. O Rui queria o cuco, um trambolhão sem muita utilidade na minha opinião, mas quem sou eu para julgar o sonho dos outros? Ele também se deu conta... porém, escuto esta reprimenda até hoje. Trouxe o moinho, nunca usei. A fase natureba se foi, ficando apenas o essencial daquele período, sem radicalismos. Não vejo muita diferença no sentido "utilitário" da palavra entre um moinho que mora em cima de um armário e um passarinho abrindo a porta para gritar "cuco" a cada hora. Os dois foram esquecidos e graças à tua vinda, o moinho foi ressuscitado. Quem sabe um dia, caso a gente volte mesmo a morar na Alemanha, por aquelas bandas ele poderá ir até a Floresta Negra, o lugar onde estes cucos são confeccionados, e adquirir um. Nunca é tarde!


Para os chapatis, pretendíamos usar apenas a farinha integral, mas não conseguimos ajustar o ponto certo do moinho para uma granulação mais fina. Das pedras que se roçavam chuviscavam grãos quase tão grossos como triguilho. Não conseguimos liga só com ele. Foi necessário juntar a mesma quantidade de farinha branca para que formasse uma massa modelável. Então foram as duas farinhas, em igual quantidade, 1 pitada de sal e água fria até conseguir formar uma bola unida. Aí foi só formar um rolinho, dividir em porções e abrir com rolo para formar discos finos. Numa frigideira de ferro sem untar, bem quente, os chapatis foram cozidos. Depois foram chamuscados no fogo, dos dois lados. Para comer com nata, manteiga e tomatinhos. Tri gostoso.

3 comentários:

  1. Neide, fiquei comovida e saudosa com o relato,que saudade deste dia,e saudade também de comer o pão que trouxeste que está ali no canto da mesa e era tão saboroso,obrigada pelo carinho!

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  2. Olá Neide, há uns anos trabalhei na Lapa e achei numa loja natureba, perto da Matriz, um moinho de pedra, nacional.Você que é da região já o encontrou por aí? Sabe se existe ainda? Obrigado, e parabéns pelo blog.

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  3. Oi,Luiz Antônio! A Matriz da Lapa é a igreja Nossa Senhora da Lapa? Eu vou tentar descobrir. Obrigada,
    N

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