terça-feira, 2 de junho de 2015

Pão de abóbora na panela

Estive brevemente na casa de meus pais, em São José dos Pinhais, no Paraná. Já era noite, ficaria só até o dia seguinte, mas não resisti a fazer um pão quando vi as abóboras que eles haviam colhido no quintal.

Como estava frio, poderia deixar a massa crescendo durante a noite. Claro que não levei meu levain, mas bons pães também podem ser feitos com fermento biológico granulado e foi o que fiz.

Segui mais ou menos a técnica do amigo padeiro francês Michel, que hospedei aqui em casa e me ensinou um bocado sobre pães.  Uma massa bem hidratada, uma fermentação lenta e aí está. A técnica de cozinhar dentro de uma panela não é dica do Michel, que é um boulanger profissional  (tem uma padaria orgânica nos Pirineus que faz 3 toneladas de pão por semana!), mas todo mundo anda fazendo por aí, pois é um jeito amador de não precisar de um super forno com umidade para conseguir um pão bem cozido e com casca dourada e crocante. Pelo menos um dos pães assei assim. O outro assei em forma rasa e dá pra notar a diferença pelas fotos.

E uma coisa que tenho feito é, em vez de untar, enfarinhar a panela ou ainda forrar com papel manteiga, usar uma folha de couve ou sete-copas para forrar o fundo. A massa não gruda e a folha pode ser removida facilmente. Tenho preferido a folha de sete copas que é mais resistente e não deixa cheiro. A couve deixa no ar (mas não no pão, felizmente) um leve aroma de couve-queimada, nem sempre muito agradável.

Até meu pai que é chato para pão e diz na cara quando não gosta, conseguiu elogiar. E é simples, fácil, barato. Então, se quiser fazer um igual, mãos à obra.


Roubei duas fatias das abóboras que seriam usadas para fazer doce. Cozinhei em água até ficarem bem macias, amassei com garfo e medi duas xícaras. O resto, comi com leite e açúcar. Nhac!

Coloquei numa bacia 1 quilo de farinha, juntei 1 envelope de fermento biológico granulado e 1 colher (sopa) bem rasada de sal. Misturei bem e acrescentei 600 ml de água, aos poucos, misturando bem. Com as mãos enfarinhadas, sovei por uns dez minutos. Juntei a abóbora e incorporei à massa. Ficou uma massa meio mole. Coloquei a massa numa bacia (esta mesma da abóbora) apenas untada. Cobri com pano e deixei crescendo durante a noite. Se estiver num ambiente mais aquecido, reduza pela metade a quantidade de fermento e deixe durante a noite. Ou faça durante o dia e espere até que a massa cresça até dobrar de volume. Passe a massa para uma superfície enfarinhada, divida-a em duas partes e modele duas bolas, fazendo dobras com a massa de todos os lados, dando o formato cilíndrico. Nesta fase, não trabalhe muito a massa. Apenas dobre rapidamente e pronto. Enfarinhe a bola toda e coloque para crescer dentro de duas tigelas de plástico, com formato bom para manter a bola  e espaço suficiente para voltar a crescer. Deixe as dobras para cima e a parte bonita para baixo, pois quando virar na assadeira será o inverso.  Quando as massas estiverem novamente crescidas - aperte com um dedo e verá que a marca demora uns dois segundos para desaparecer e a massa voltar à posição original. Estará no ponto para ir ao forno.

Antes, preaqueça por uns 20 minutos em temperatura alta - cerca de 220 C. No caso da panela, escolha uma pesada, de preferência de ferro ou cerâmica, e que possa ir ao forno (sem cabos de madeira ou plástico). Usei uma panela de ferro e, como tampa, uma bacia de alumínio que se acoplou perfeitamente. Pode ser a própria tampa da panela se houver espaço suficiente para o pão crescer sem encostar nela.

Retire do forno a panela e/ou assadeira, forre com folhas, emborque as massas sobre as couves, pulverize mais farinha na superfície - ou não, faça cortes com lâmina afiada (pode ser bisturi, estilete ou lâmina de barbear), pulverize o próprio pão se estiver usando assadeira ou as beiradas da panela se for este o caso -pulverize e tampe imediatamente para conservar o vapor. Leve ao forno e deixe assar por cerca de 50 minutos. Quando destampar a panela, verá a maravilha. O da forma também não é de se desprezar mas ficará mais branquelo - talvez possa usar umas 2 colheres (açúcar) na massa para ajudar na cor se não for usar a panela.







Miolo mais elástico, ótimo pra sanduíches

10 comentários:

  1. Boa dica, estou com uma abóbora crescendo no quintal! Acabo de tirar pães do forno, receita básica à qual adicionei linhaça moída. Nunca unto as assadeiras, uso só farinha - de trigo, de mandioca, vai da valsa. Hoje foi de mandioca. bj
    adelia

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  2. Belo pão Neide, deu vontade de provar!

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  3. Magnífica receita! Agora que estou aqui na aldeia, vou ter tempo para experimentar esta receita que já apontei e que muito te agradeço. Depois te direi se consegui. Adorei a técnica da panela com tampa! Beijinhos da Bombom

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  4. Uma pergunta: Onde encontro, ou, o que é "sete-copas" eu gostaria de usar essa folha mas não tenho ideia de onde encontrar. É aquela árvore tb chamada de chapéu de sol?
    Obrigada!

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  5. Olá Neide! Suas variações de pães são incríveis!
    Eu uso o levain segundo o livro do Luiz Américo e tenho feito muitas experiências com as fornadas.
    Hoje assei na panela de barro e saiu o pão mais bonito que já fiz! Adorei o resultado, mas ele grudou muito no papel manteiga. Não sei como encontrar as folhas naturais, por isso queria saber como fazer para não grudar no papel.
    Abraço e muito obrigada

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  6. Oi, Fernanda!
    Obrigada! Sim, o pão na panela fica lindo. Eu não sei como você deve fazer com papel manteiga - talvez untá-lo com manteiga, pois nunca uso. Só uso folhas de amendoeira. Mas, não sei se leu no texto, neste pão usei folhas de couve (não as consegue?).
    Um abraço,n

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  7. Neide, tou meio perdido nessa parte:
    "modele duas bolas, fazendo dobras com a massa de todos os lados, dando o formato cilíndrico."
    Sem querer abusar, desenha pra mim? Como assim dobras de todos os lados de uma bola?

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  8. Theo,
    na verdade, errei. Não é cilindro, é uma bola. Resumindo, é: faça uma bola (vá dobrando as bordas para o meio, para dar o formato de uma bola.

    Um abraço,n

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  9. Com quatro meses de atraso, brigadíssimo. Depois de algumas incursões não muito bem sucedidas no mundo dos pães, vou fazer nova tentativa.

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  10. Neide, tudo bem?
    Vc já testou fazer pão de pequi? Quero testar!

    Será que uso raspas, ou um purê...estou sem saber...

    Obrigada!

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