segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Oficina de Cozinha Marajoara com dona Jerônima no Sesc Belenzinho

Fotos: Marcílio de Almeida 
Logo depois do evento do Paladar, recebi em casa dona Jerônima, da Ilha do Marajó (da Fazenda São Jerônimo, em Soure, sobre a qual já falei várias vezes aqui no Come-se). Fizemos pré-preparo na segunda e na terça-feira para a oficina de quarta-feira no Sesc Belenzinho (Cozinha Marajoara), como parte das atividades do projeto Comer é Mais, do qual faço a curadoria (veja aí na página Próximos Passos o link para toda a programação, até o final do ano).


Alguns ingredientes vieram na mala : turu, folhas de cipó de alho, alfavaca, chicória (coentro do pasto), jambu, queijo marajoara, castanhas amazônicas, farinhas de três tipos, camarão seco, líquido de urucum, tucupi, leite de coco (trouxe o coco da sua fazenda para extraírmos o leite aqui), pimentas de cheiro, doce etc.  A intensão era preparar e servir apenas o caldo de turu, mas aos poucos o menu foi crescendo. Encontramos tamuatá (caboge) no mercado da Lapa e logo ele virou tamuatá no tucupi. Também compramos quiabo e fizemos caruru do Pará (um pouco diferente do baiano). E mingau? Tem que ter mingau, dona Jerônima. E lá foi ela fazer um mingau delicioso com farinha de tapioca, quase mais salgado que doce, servido logo de entrada. E torradinha com folhas de cipó de alho tem que ter, não? E fizemos torradinha do jeito dela - uma pasta com queijo marajoara e as folhas de cipó de alho, passada em fatias de pão e torradas. As iscas marajoaras, feitas como o filé marajoara, só que o filé de búfalo cortado em cubos, foram fritas na hora (foi ela quem inventou o nome e o jeito).  Edna, a irmã, que mora aqui em São Paulo, preparou ainda  frito do vaqueiro que foi servido com farofa de farinha amarela com castanha. Edna levou ainda doce de cupuaçu e musse de bacuri.


A sala estava cheia e todo mundo experimentou de tudo. O Val, chef de cozinha do Sesc, tornou o trabalho de preparar e servir oito itens algo lúdico, tranquilo e organizado. E assim dona Jerônima recebeu muitos cumprimentos no final.  Todos gostaram do tamuatá, ninguém fez cara de nojo para o turu e para quem trabalhou ali sentindo os aromas marajoaras nada sobrou (sorte que a Edna guardou frito do vaqueiro pra mim, que comi em casa no fim da noite, acompanhado de farofa de castanhas que fiz na hora). Tudo delicioso - foi só o que ouvi. E dona Jerônima ficou toda feliz.  

Seguem algumas fotos (a maioria, as que não tem NR, são do Marcílio de Almeida, da DB Produções):

O trabalho começou dois dias antes em casa - aqui,  limpando o tamuatá.
Foto: Neide Rigo

Frito do Vaqueiro e farofa de castanha. NR

Iscas Marajoaras. NR

Tamuatá no tucupi com jambu. NR 

Caruru - NR

Caldo de turu - NR


Edna e a irmã Jerônima


O leite de coco para o turu - não pode parar de mexer até ferver, para
não talhar - NR


Jerônima com Marcílio 


Eu, Edna e Dona Jerônima



Val, Jerônima e eu
Com as torradinhas de alho (folhas de cipó d´alho)
Servindo com toda a delicadeza 

3 comentários:

  1. Foi uma aula deliciosa! Dona Jerônima é encantadora, Edna uma simpatia e os pratos que elas prepararam me deixaram com ainda mais vontade de correr pro Marajó.

    Gostei de tudo que provei. O caldinho de turu tem um sabor bastante diferente, o queijo do Marajó é único e delicioso, o cipó-alho é intrigante. Mas duas coisas eu queria que fizessem parte das minhas memórias de infância: o mingau de tapioca e o frito do vaqueiro. As texturas deste último ainda não me saíram da cabeça - e seguindo sua sugestão, vou tentar em casa!

    Todo o projeto Comer é Mais é incrível. A parte ruim é ter percebido que perdi aulas maravilhosas que já aconteceram. A parte boa é que ainda virão várias outras.

    (Se você leitor(a) fez como eu e perdeu as outras aulas, fique esperto para as próximas, valem muito a pena.)

    ResponderExcluir
  2. Só os nomes já são uma delícia!
    Afinal, tenho de me contentar com eles...
    Um abraço
    Manuela Soares

    ResponderExcluir

Obrigada por comentar. Se você não tem um blog nem um endereço gmail, dá para comentar mesmo assim: É só marcar "comentar como anônimo" logo abaixo da caixa de comentários. Mas, por favor, assine seu nome para eu saber quem você é. Se quiser uma resposta particular, escreva para meu email: neide.rigo@gmail.com. Obrigada, Neide