|
Fotos: Marcílio de Almeida |
Logo depois do evento do Paladar, recebi em casa dona Jerônima, da Ilha do Marajó (da Fazenda São Jerônimo, em Soure, sobre a qual já falei várias vezes aqui no Come-se). Fizemos pré-preparo na segunda e na terça-feira para a oficina de quarta-feira no Sesc Belenzinho (Cozinha Marajoara), como parte das atividades do projeto Comer é Mais, do qual faço a curadoria (veja aí na página Próximos Passos o link para toda a programação, até o final do ano).
Alguns ingredientes vieram na mala : turu, folhas de cipó de alho, alfavaca, chicória (coentro do pasto), jambu, queijo marajoara, castanhas amazônicas, farinhas de três tipos, camarão seco, líquido de urucum, tucupi, leite de coco (trouxe o coco da sua fazenda para extraírmos o leite aqui), pimentas de cheiro, doce etc. A intensão era preparar e servir apenas o
caldo de turu, mas aos poucos o menu foi crescendo. Encontramos tamuatá (caboge) no mercado da Lapa e logo ele virou
tamuatá no tucupi. Também compramos quiabo e fizemos caruru do Pará (um pouco diferente do baiano). E mingau? Tem que ter mingau, dona Jerônima. E lá foi ela fazer um
mingau delicioso com farinha de tapioca, quase mais salgado que doce, servido logo de entrada. E
torradinha com folhas de cipó de alho tem que ter, não? E fizemos torradinha do jeito dela - uma pasta com queijo marajoara e as folhas de cipó de alho, passada em fatias de pão e torradas. As iscas marajoaras, feitas como o
filé marajoara, só que o filé de búfalo cortado em cubos, foram fritas na hora (foi ela quem inventou o nome e o jeito). Edna, a irmã, que mora aqui em São Paulo, preparou ainda
frito do vaqueiro que foi servido com farofa de farinha amarela com castanha. Edna levou ainda doce de cupuaçu e musse de bacuri.
A sala estava cheia e todo mundo experimentou de tudo. O Val, chef de cozinha do Sesc, tornou o trabalho de preparar e servir oito itens algo lúdico, tranquilo e organizado. E assim dona Jerônima recebeu muitos cumprimentos no final. Todos gostaram do tamuatá, ninguém fez cara de nojo para o turu e para quem trabalhou ali sentindo os aromas marajoaras nada sobrou (sorte que a Edna guardou frito do vaqueiro pra mim, que comi em casa no fim da noite, acompanhado de farofa de castanhas que fiz na hora). Tudo delicioso - foi só o que ouvi. E dona Jerônima ficou toda feliz.
Seguem algumas fotos (a maioria, as que não tem NR, são do Marcílio de Almeida, da DB Produções):
|
O trabalho começou dois dias antes em casa - aqui, limpando o tamuatá. Foto: Neide Rigo |
|
Frito do Vaqueiro e farofa de castanha. NR |
|
Iscas Marajoaras. NR |
|
Tamuatá no tucupi com jambu. NR |
|
Caruru - NR |
|
Caldo de turu - NR |
|
Edna e a irmã Jerônima |
|
O leite de coco para o turu - não pode parar de mexer até ferver, para não talhar - NR |
|
Jerônima com Marcílio |
|
Eu, Edna e Dona Jerônima |
|
Val, Jerônima e eu |
|
Com as torradinhas de alho (folhas de cipó d´alho) |
|
Servindo com toda a delicadeza |
Foi uma aula deliciosa! Dona Jerônima é encantadora, Edna uma simpatia e os pratos que elas prepararam me deixaram com ainda mais vontade de correr pro Marajó.
ResponderExcluirGostei de tudo que provei. O caldinho de turu tem um sabor bastante diferente, o queijo do Marajó é único e delicioso, o cipó-alho é intrigante. Mas duas coisas eu queria que fizessem parte das minhas memórias de infância: o mingau de tapioca e o frito do vaqueiro. As texturas deste último ainda não me saíram da cabeça - e seguindo sua sugestão, vou tentar em casa!
Todo o projeto Comer é Mais é incrível. A parte ruim é ter percebido que perdi aulas maravilhosas que já aconteceram. A parte boa é que ainda virão várias outras.
(Se você leitor(a) fez como eu e perdeu as outras aulas, fique esperto para as próximas, valem muito a pena.)
Adorei seu blog,continue assim. !!
ResponderExcluirSó os nomes já são uma delícia!
ResponderExcluirAfinal, tenho de me contentar com eles...
Um abraço
Manuela Soares