Outro dia falei num post
sobre um spatzle vegano que fiz para o Henrique, que faz aikido com o Marcos. Improvisei na hora, substituindo o ovo, que deixa os nhoquinhos mais macios, por 50 g de inhame cru, que tem mucilagem parecida com a clara de ovo. Usei ainda, para dar sabor, mandioquinha cozida. Ficou bem gostoso e não deu pra sentir a falta do ingrediente animal. Bati tudo no liquidificador antes de juntar a farinha de trigo.
A leitora Flavia é vegana e me me pediu nesta semana a receita. Não uso mais fórmula certa pra fazer spatzle, de tanto que faço. Mas tenho uma regra básica. Coloco um ovo (ou, desde o spatzle vegano, 50 g de inhame/ taro e acho que funciona bem com cará também) numa xícara de 240 ou 250 ml. Encho a xícara com água e bata no liquidificador. Se quiser, antes da água, junte um pouco de algum vegetal cozido. Aí é só passar para uma tigela, juntar sal, noz moscada se quiser, e farinha até a massa ficar bem grudenta. Quando vou usar legumes ou folhas, e quase sempre uso, coloco na xícara, antes do ovo - no máximo meia xícara, bem apertado. Pode ser abóbora, cenoura, beterraba, mandioquinha, batata, mandioca, taioba, trapoeraba, folhas de cenoura, ora-pro-nobis, folhas de batata-doce, espinafre etc. Sempre cozidos e espremidos. Coloco por cima um ovo e completo a xícara com água. Bato no liquidificador e procedo como o outro, adicionando farinha e tempero na tigela. Não tem erro.
Desta vez, para fazer o vegano, resolvi usar outro ingrediente também mucilaginoso, a ora-pro-nobis, aproveitando o momento em que ela desponta no meu quintal em brotos avermelhados lindos. Cozinhei algumas folhas em água fervente por cerca de 1 minuto, escorri, coloquei na xícara até a altura de 1/4 do seu volume (poderia ser mais, mas não quis arriscar porque estavam muito avermelhadas as folhas que tinha aqui e eu queria um spatzle verde). Completei com água e bati no liquidificador. Passei para uma tigela, temperei com sal - 1 colher (chá) rasa -, e uma pitada de noz moscada. Juntei farinha e fui mexendo até que a massa ficasse bem liguenta. Usei 200 g de farinha - mas pode variar dependendo de quanto de ora-pro-nobis quiser usar. Para saber o ponto, pingue um pouco da massa na água fervente. Se o nhoquinho subir à superfície e estiver com consistência firme, está bom. Se a massa está mole demais, os nhoquinhos poderão ficar muito molengos. Esta quantidade, feita com uma xícara de água com legumes ou só água e ovo, rende mais ou menos duas porções. Até três dependendo do molho ou do acompanhamento.
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Ora-pro-nobis cozido por um minuto |
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Se não tiver ou não quiser sujar liquidificador, é só picar finamente |
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A massa fica densa assim |
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Tem que cozinhar em bastante água fervente |
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Com uma escumadeira, tire os nhoques à medida em que sobem à superfície |
Cozinhe em água quente, usando o instrumento próprio para fazer spatzler. É só ir pingando. Quando os nhoquinhos subirem à superfície, tire com uma escumadeira. Se você não tem este instrumento de fazer spatzle, pode comprar
aqui ou
ali. E se não está a fim de gastar, improvise um como mostro nestes dois posts: um tosco
feito por mim e outro
feito a partir de uma frigideira pelo Marcos, super bem acabado. Ambos podem ser feitos sem gastar dinheiro. Já estou pensando em outro modelo feito com lata de goiabada...
Para o molho, pode ser qualquer um vegano, como um simples molho de tomate. Refogue alho picadinho em um pouco de azeite. Junte 2 tomates grandes e bem maduros picados, tempere com sal e orégano e deixe cozinhar até apurar. Acrescente bastante manjericão fresco, desligue o fogo, coloque sobre os inhoquinhos e nhoc, digo nhac.
Mas o que fiz foi refogar uma cebola fatiada em um pouco de azeite até que começasse a dourar. Juntei pedaços de pimenta dedo-de-moça sem sementes, umas folhinhas de ora-pro-nobis e outras de manjericão. Chacoalhei a frigideira, joguei aí os nhac, digo inhoques, e nhac.
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O do meio, com ovo. Os outros dois, veganos (um de ora-pro-nobis e o outro de inhame com farinha integral) |
Fiz ainda outras experiências. Preparei uma receita de spatzle comum - ovo, água e farinha -, para comparar a textura e sabor. O vegano de ora-pro-nobis não perde em nada. Quis repetir a experiência com o inhame, mas notei que não tinha farinha branca. Usei 50 g de inhame, água para completar uma xícara, e farinha integral. Na hora ficou bem gostoso. E resistiu bem a um reaquecimento em água fervente. Só na outra vez que fui reaquecer - hoje, para fotografar com molho -, é que ele começou a ficar molengo demais. O de ora-pro-nobis e farinha branca aguentou bem os dois reaquecimentos.
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Aqui, o integral reaquecido em água fervente |
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O integral reaquecido mais uma vez, com molho de tomate - não resistiu |
Então, você pode fazer estes nhoquinhos antes, deixar num recipiente tampado e quando for comer, basta jogá-los em bastante água fervente. Joga, solta os nhoquinhos e escorre imediatamente para que ele não cozinhe demais e comece a se desmanchar. Deve durar uns três dias na geladeira. Acho tão fácil prepará-los, que prefiro fazer na hora.
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Como não sou vegetariana, misturei os três, cobri com molho de linguiça e nhoc! |
Outro jeito de fazer, se você não tem nenhum utensílio específico, é à moda alemã. Dá um pouquinho mais de trabalho, mas é divertido. Neste vídeo dá para entender bem.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=-Y6Ga9hMm4Y
Pode parecer complicado, mas rapidinho pega-se a prática.
João Pedro,
ResponderExcluireu já fiz spatzle na tábua, mas nem se compara com a técnica mostrada no vídeo. Vou tentar e depois eu te conoto.
Um abraço,n
e pode esquentar os spatzle na manteiga, também, ficam gostosos mesmo quando chegam a tostar um pouco. com queijo, com molho, com ricota ou mesmo - não para veganos - depois que estiverem esquentados na manteiga, joga um ovo por cima e mistura. fica bom.
ResponderExcluirPuxa, Neide, estou encantada com sua atenção! Vou fazer o "aparelho" e testar minhas habilidades, depois te conto.
ResponderExcluirMuito obrigada!
Neide,minha mãe me ensinou já muito pequena a fazer algo parecido. Ela chama de "clês" ou nhoque de farinha. Fazemos da mesma forma, só que molhamos a colher na água quente (com sal e óleo para não grudar) e depois na massa que fica grudenta como a sua, deixando bolinhas na água. Qdo as bolinhas sobem, tiramos com uma escumadeira e regamos com azeite e molho de tomates. Aha não reparei n filme. Verei e te digo se é a mesma coisa. Beijos
ResponderExcluirOi Neide, adoro ler o seu blog!
ResponderExcluirEsse spatze é realmente mais rápido do que miojo para fazer e muito mais saboroso e saudável. Fiz aqui em cs e usei como utensílio aquele espremedor de batatas com uns furos medianos. Fui adicionando a massa com colher e espremendo. Coloquei um tantinho de couve e brócolis que tinha e pronto. Quero testar com manjericão na próxima.
http://img.shoptime.com.br/produtos/01/00/item/111186/4/111186418SZ.jpg
Sou vegetariana estrita (que não come ovos nem leite) e adorei a receita. Em setembro comprei uma muda de ora-pro-nobis que está crescendo lindamente, fiquei ansiosa pra fazer essa receita.
ResponderExcluirSobre o instrumento pra fazer o spatze, daria certo substituir por amassador de batatas?
Sabe onde eu encontro essa maquina aqui no Brasil?
ResponderExcluirSabe onde eu encontro essa maquina aqui no Brasil?
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