Não aguentava mais sentir por trás do meu cangote um espiar manso daquela vaca. Sentia este olhar todas as vezes que entrava numa determinada estação de metrô, uma das tantas. Era o cartaz chamando para o salão internacional de agricultura, na Porte de Versailles. Entre a ala intelectualizada francesa soa mal dizer que foi ou pensa em ir a esta feira, lugar aonde pais, mães e avós urbanoides costumam levar seus pimpolhos para conhecer ao vivo um pintinho, um cabrito, uma vaca de leite. Mas eu não perderia por nada deste mundo ver de perto as vaquinhas manchadas com tetas leiteiras gigantescas ou as lindas cabras dos Pirineus e ainda degustar chévres feitos com o leite delas. Fora que certamente veria ali uma variedade de produtos franceses sobre os quais gostaria de aprender. Convenci Marcos e fomos lá num sábado gelado. Claro, estava repleto de crianças barulhentas e suas famílias, mas foi divertido. Muito diferente das feiras de agricultura familiar que acontecem por aqui ou daquela que fui em Dakar. Nesta havia grandes negócios e até Mc Donalds mostrando seu projeto de sustentabilidade (!), com muitas brincadeiras para as crianças. Além dos produtores franceses havia também ali representantes de vários outros países como Itália, Brasil e Senegal. E, não só produtos clássicos franceses como vinho, queijo, arroz de camargue etc, mas também uma diversidade de vegetais outros como batatas coloridas do Peru ou favas de baunilhas de diferentes nacionalidades, por exemplo.
Animais e vegetais: cabra, rabanetes, chirívias, pirâmide de legumes, colza (com que se faz óleo canola), batatas, carroz de Camargue, tupinambos
Senegal trouxe vários produtos como farinhas, sêmolas para cuscuz, manteiga de carité etc., muito dos quais eu já havia comprado em Dakar. Mas comprei aqui cuscuz de milho
Tenho o maior orgulho do meu país, mas tenho vergonha quando associam o Brasil e os brasileiros no exterior com um esteriótipo folclórico de carnaval, futebol, caipirinha e esta alegria desmesurada. O único estande do Brasil era o mais barulhento, com muita música animada, muitos estrangeiros e brasileiros bêbados rindo e falando alto - alegria, alegria, e o único produto que parece vender: caipirinha! Passei, assim, devagarinho, meio de longe.
É Neide, temos tanto que mostra, nosso País riquíssimos na nossa Agricultura Familiar, sabores e saberes da nossa gente que não é só carnaval e caipirinha.
ResponderExcluirMesmo sendo um povo alegre, apesar das dificuldades!!!
Olá Neide, gostaria de saber se o mâche, aquela verdura tão comum na França, existe aqui no Brasil, você poderia me exclarecer?
ResponderExcluirAbraço
Max
Neide, sim, a alegria é sempre admirável!
ResponderExcluirMax, aqui em São Paulo costumo ver mache na Casa Santa Luzia.
Um abraço, N
Neide, e perfume, comprou algum?:-))))
ResponderExcluirOlha, uma vez ouvi de uma senhora que a única coisa , na época, que valia a pena comprar na europa era... ouro!
Encabulei. Apesar da curiosidade de saber como é isso, se é em pó, em pulseira,fiquei quieta.
Em geral, as pessoas vão pra paris comprar perfume, echarpe.. mas cuscuz? SÓ VOC~E!!!!!
oi, meu nome é Nivia e moro na Bélgica a alguns anos e queria comentar sobre a estande brasileira que vc viu na feira em Paris. Eu me sinto todas as vezes envergonhada de ver que as estandes do Brasil são geralmente as mais bagunçadas, isso so aumenta a visão distorcidade que todos tem sbre o Brasil. Um dia pretendo abrir um cafe/doceria com produtos brasileiros e com certeza será algo brasileiro mais com uma certa sofisticação. Um abraço, Nivia
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