Entre almerião-silvestre, losna-branca, botão-de-ouro, mastruço, estrelinha, trapoeraba e outros matinhos selvagens que fugiram à domesticação, as folhas de um delicado verde se destacavam pela beleza e impropriedade do local de estar, mais ou menos como um Golden Retriever entre viralatas escolados na rua. Este é o mal da domesticação das hortaliças: não chegam a florescer e portanto não são levadas por aí as sementes voadoras arrancadas de pomponzinhos em hastes por qualquer brisa. Isto, no caso da família das Asteráceas, como é aqui o caso, mas passarinhos também disseminam outras plantas, comendo os frutos num canto e descomendo as sementes em outro. O fato é a presença daqueles dois pés de alface ali naquela calçada deixada à mercê dos matos me punha a imaginar uma horta aqui por perto, de certo abandonada, cujas hortaliças floresceram e frutificaram, de onde escaparam sementes como aquelas de capiçoba que deixei prositalmente o vento levar do meu quintal - também Asterácea. Por isto também talvez aqueles dois pés de nabos em outra calçada. E assim, dia-a-dia, acompanhava o crescimento das verdurinhas até que ficassem no ponto de colher. Colheria um pé e deixaria o outro para florescer e povoar as praças aqui de perto. Mas, assim que saí de casa para andar com a Dendê, encontrei o gari de sempre puxando seu carrinho e fazendo cara de cumpridor de seus deveres. Cumprimentamo-nos amigavelmente, mas quando vi o carrinho cheio de mato já advinhei o pior. Poucos passos adiante, uma calçada limpa, em terra escancarada e varrida. E adeus alfacinha local.
Ja me aconteceu muito disso... ver coisas que plantei a meio fio, mais pra ver no que ia dar do que pra colher algo, ver os moços da prefeitura passando a enxada sem ver o que nem por que.
ResponderExcluirMas o que mais me doeu até hoje. foi um pé de ginja (uma cerejinha ácida de origem europeia) que ganhei de uma portuguesa e o pezinho ja dava frutinhas lindas, mas o caseiro do sitio, viu o pé na época de hibernação e achou que era uma galho seco e passou a faca. Nunca mais vi uma ginja. Viajei, você falando de alface eu de cerejinha....
Abraços fêssora!
marcovalda, ooops, neide, você avançou no gari, tenho certeza. e será que ele tá bem? sim, não tinha nada que tirar uma horta e deixar a terra nua, mas você não pode agredir, viu?
ResponderExcluirestou de olho num pezinho de tomate numa viela da pio xi. tem também aquelas folhinhas que eu não me lembro o nome e você mostrou no livro, sabe qual é? e não sei se deixo lá, à mercê dos limpadores, ou se tento tirar do cimento, salvando a raiz... dúvidas, dúvidas. bj.
Neide,
ResponderExcluiraqui na Alemanha, um pessoal (baianês para pessoas que nao sabemos identificar direito rsrsrs) montou um site para divulgar esse tipo de coisa, tem pé de damasco, cerejeira, ameixeira na cidade e agora via internet podemos correr para colher.
dê uma olhada: w.. .mundraub.org
Se vc falar com o gari e ainda convidar ele para comer algo, tipo sua broinha de fubá, será que ele nao irá pensar duas vezes no futuro?
bj
David, isto vive me acontecendo... Tomara que consiga outro pezinho de ginja.
ResponderExcluirVeronika, não agredi, não. Tá certo que não o encontrei depois de descoberto o fato. Mas ele só estava fazendo o trabalho dele. Mandaram cortar mato, ele cortou. Fique de olho no tomatinho, mas não tire ele de lá, não. Ele pode não resistir.
Márcia, muito legal este site. O gari é gente boa e está fazendo o trabalho dele. Se não é ele, é o dono da calçada que mete o facão. Paciência.
Um abraço, N
Que pecado, Neide...
ResponderExcluirE eu que pensei que o gari tinha pego para comer!
Mas ele fez algo como faz a maioria do pessoal por aqui, que deixa as frutas das arvores de casa apodresserem no chao para, depois, ir compra-las no supermercado.
Que diriam os avòs destas pessoas, que delas se serviam, uma época?
Boh...
Bjs!
fragoso do paraná plantei um pé de ingá gigante na praca da minha cidade (UMUARAMA) cresceu esta bonito ,.tempos atraz passei em uma avenida proxima fiquei surpreso ,vi varios pés de ingá que já é resultado da multiplicacão.,obrigado neide por este carinho com a naturesa...
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