quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Thiago Castanho, de Belém para São Paulo



Aquele mesmo Thiago Castanho que falou na mesa redonda do Entre Estantes & Panelas, na segunda-feira, continuou trabalhando e cozinhou ontem para imprensa e alguns chefs na casa da Margot Botti (imagine a responsabilidade!). Tudo organizado pela Margot e pela Ana Luíza Trajano, do Brasil a Gosto. Impecável, diga-se.
O moço é uma graça de simpatia, além de ser inteligente, dedicado e curioso. Tem só 21 anos, mas promete. E não sou só eu quem está dizendo. Ele cursou gastronomia no Senac de Campos do Jordão e fez estágio com Vitor Sobral em Portugal. Veio pra São Paulo trazer o irmão mais novo, Felipe, que vai para a mesma escola e que segue o mesmo caminho de dedicação, pelo jeito. Sorte do pai, Francisco da Silva Santos, que nasceu numa região pesqueira e abriu o restaurante especializado em pescados por acaso, ter meninos assim. Que saem, estudam e voltam para aplicar o que aprenderam no negócio da família.
Os pratos foram chegando bonitos, cheirosos, coloridos. Me senti em Belém como se aqueles aromas de jambu, tucupi e chicória-do-pará cantassem e dançassem carimbó com saias rodopiantes de chita alegre.
Começou com um copo com carne de caranguejo coberta com farofa muito saborosa e crocante de castanha do pará e patinhas de caranguejo empanadas e fritas. Eu comeria bem umas dez. E uns camarõezinhos grelhados na manteiga Real (mineira, boa como a Aviação) com batata doce também grelhada. Depois, moqueca paraense, que é uma caldeirada com ovo, peixe filhote, pata de caranguejo, camarão, tomates, jambu, tucupi - uma receita com legumes aperfeiçoada pelo pai, o Francisco. E arroz de jambu, com bastante jambu, para enebriar mesmo o paladar. E filhote na brasa com farofa de banana e camarão. E pirarucu defumado com banana da terra frita, castanha-do-pará em lascas e pirão. E sopa doce e gelada de taperebá com raspinha de puxuri (ou pichurim ou pixuri - Licaria puchury-major), que lembra anis estrelado; creme do raro açaí branco (que é verde e não branco) com tapioca; pudinzinho de fruta-pão com calda de cumaru e telha de castanha-do-pará; e sorvete de bacuri perfumadíssimo. O chef contou com a ajuda da namorada Iuca e do irmão Felipe. E como tudo o que acontece na casa da Margot, a organização estava perfeita. Não dava nem vontade de ir embora. Mas o taxi chegou e fomos lá.
Quer mais? só mesmo indo ao Remanso do Peixe, em Belém (que eu não conheço - ainda). Enquanto isso, fique com as fotos para se animar:

Casquinha de caranguejo com farofa de castanha do Pará e patinha de caranguejo empanada

Camarões dourados na manteiga Real e temperos paraenses. Com batata doce grelhada
Moqueca paraense, arroz com jambu

Pirarucu defumado, que foi acompanhado de pirão

Filhote na brasa com farofa de banana e camarão. Com legumes e banana frita

Sopa fria de tapereba com puxuri

Trio de sobremesas: Pudim de fruta pão com calda de cumaru, açaí branco e tapioca, sorvete de bacuri

Meu amigo Arnaldo Lorençato, todo feliz, ganhou uma lata da manteiga Real. Eu ganhei um pacote de açaí branco do Thiago, que me alegrou dizendo que é leitor assíduo do Come-se. E todos nós ganhamos, não só esta lição de sabores amazônicos, como um saquinho de biscoito de castanha-do-pará na saída. A semana está boa!
Restaurante Remanso do Peixe
Travessa Barão do Triunfo, 2590 - casa 64
Telefone: 91- 3228 2477

21 comentários:

  1. Neide,que banquete! eu ADORO caranguejo e só como quando vou ao ES que aqui não existe fresco,vou com minha irmã todo ano num local perto do mar onde nos esbaldamos.Eu ficaria mega feliz de provar estes pratos.Beijo!

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  2. Jesus!!!!

    daria a vida nesse instante pra provar pudim de fruta pao.
    adoro e dificilmente encontro quem conheça, img a fruta, IMG O PUDIM!!?!?
    rsrsrs...

    um beijo

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  3. Me senti de volta a Belém lendo este post....

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  4. Neide por favor, vc saberia me dizer o que é acaí branco?^

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  5. Ciça,
    o açaí branco é, na verdade verde. Muito raro, difícil de encontrar no mercado mesmo em Belém. No sabor é parecido com o que conhecemos, de cor arroxeada, mas é uma variedade que tem cor verde mesmo quando maduro.
    Um abraço, N

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  6. Açaí branco? Dava meu braço direito por uma provinha (eu sou canhota!)...
    Faz um sorvete....


    Bj.

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  7. Neide.
    Não é que o açaí branco seja, necessariamente, uma raridade. É que ele não tem safra durante todo o ano, como o açaí comum adorado de cada dia. O branco (não me pergunte por que não verde, a cor verdadeira) só amadurece e é comercializado durante uns dois ou três meses por ano, geralmente a partir do final de julho. Nesse período é relativamente fácil de ser encontrado em Belém. O único problema é que por conta disso é um pouco mais caro. E, realmente, é uma delícia.

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  8. Obrigada, Tylon! Não sabia disto. Ainda estou com o meu guardado aqui. Para mim, raridade total.
    Um abraço, N

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  9. Neide.
    Para não deixar passar o ocorrido, deixo aqui meu testemunho. Hoje (20/08) entrevistei o Thiago. No final da conversa eu e a fotógrafa fomos "obrigados" a comer uma entrada de iscas de peixe, um pirarucu ao molho de castanha-do-pará com purê de jerimum e farofa de feijão verde com farinha de madioca. No final rolou o pudim de fruta pão com calda de cumaru. Foi um trabalho sujo, mas alguém tinha que fazer.
    Abraço.

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  10. Tylon,
    trabalho sujo como este, eu também topo fazer.
    bjs,n

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  11. Acabei de ler este post fantástico com (muita) água na boca e uma saudável inveja!!! Pena q depois do almoço... Na sexta (21) escrevi sobre esse magnífico Remanso do Peixe, no meu blog Pelas Ruas de Belém, onde sempre comento gastronomia. Veja: http://pelasruasdebelem.zip.net/arch2009-08-01_2009-08-31.html#2009_08-21_18_56_48-10174982-0
    Esse povo do Remanso é demais. Gosto deles e do q sabem fazer!
    Parabéns pelo Come-se. Come-se bem, virtualmente, aqui e arranca-se para comer presencialmente (ops!)
    fernando jares

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  12. Neide, só fui a um Estantes e Panelas, o primeiro, que foi super divulgado. COmo fico sabendo dos próximos?? Vc pode me ajudar??

    Obrigada
    Um beijão, Malu

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  13. Malu,
    entre no site da livraria cultura e se cadastre para receber notícias. Assim, ficará sempre sabendo. Já adianto que o próximo será no dia 14 de setembro.
    Um abraço, N

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  14. Fernando, muito legal seu post. Fiquei babando com a comida. E eu sei que este pessoal é bom. Obrigada, um abraço, N

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  15. Brigadão Neide, vou me cadastrar, não quero mais perder essas oportunidaes!

    Beijocas, Malu

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  16. nossa sou de Belém,mas to morando atualmente em sampa! adorei a reportagem, as fotos ficaram lindas e deliciosas, tudo isso me deu mts saudadess!!!! e o remanso do peixe é mt bom!!
    Parabens!!!

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  17. Acabei de voltar ao top to seu Blog e vi novas fotos. Fiquei feliz em ver fotos do meu mais favorito "basil". Nao sei como se chama no Brasil, mas plantei na minha mae no Rio mas ela prefere a alfavaca. Agora, nao me diga, que aquelas frutinhas com um biquinho na ponta, logo a esquerda do basil, nao abaixo, seja hibiscus?? TEnho uma jarra na geladeira. Aprendi a fazer com amiga do Trinidad e Tobago. Gostaria de saber. Bjao

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  18. Oi, Tabushi!
    Não consegui descobrir a foto a que se refere. Me mostre o link.
    Um abraço,n

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  19. Ai que saudade de tudo!!! Queria saber onde encontro essas delícias aqui em SP. Prometo que assim que chegar em Belém vou ao Remanso...

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  20. Queridos(as),muito me engano ou o acaí branco de que estão falando nada mais é que um fruto de uma paumeira semelhante ao açai de nome `abacaba´, caso eu esteja errada peço perdão. A abacaba tem a cor bege, sabor travoso não se assemelha a fruta alguma.

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  21. Saudades da minha terrinha ,essa culinária riquíssima q me enche de orgulho.
    fiquei com água na booca AFFF...parabéns pelo blogger.Olha só "açai branco" na verdade chama-se abacaba E É UMA DELÍCIA.......

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