Aquele mesmo Thiago Castanho que falou na mesa redonda do Entre Estantes & Panelas, na segunda-feira, continuou trabalhando e cozinhou ontem para imprensa e alguns chefs na casa da Margot Botti (imagine a responsabilidade!). Tudo organizado pela Margot e pela Ana Luíza Trajano, do Brasil a Gosto. Impecável, diga-se.
O moço é uma graça de simpatia, além de ser inteligente, dedicado e curioso. Tem só 21 anos, mas promete. E não sou só eu quem está dizendo. Ele cursou gastronomia no Senac de Campos do Jordão e fez estágio com Vitor Sobral em Portugal. Veio pra São Paulo trazer o irmão mais novo, Felipe, que vai para a mesma escola e que segue o mesmo caminho de dedicação, pelo jeito. Sorte do pai, Francisco da Silva Santos, que nasceu numa região pesqueira e abriu o restaurante especializado em pescados por acaso, ter meninos assim. Que saem, estudam e voltam para aplicar o que aprenderam no negócio da família.
Os pratos foram chegando bonitos, cheirosos, coloridos. Me senti em Belém como se aqueles aromas de jambu, tucupi e chicória-do-pará cantassem e dançassem carimbó com saias rodopiantes de chita alegre.
Começou com um copo com carne de caranguejo coberta com farofa muito saborosa e crocante de castanha do pará e patinhas de caranguejo empanadas e fritas. Eu comeria bem umas dez. E uns camarõezinhos grelhados na manteiga Real (mineira, boa como a Aviação) com batata doce também grelhada. Depois, moqueca paraense, que é uma caldeirada com ovo, peixe filhote, pata de caranguejo, camarão, tomates, jambu, tucupi - uma receita com legumes aperfeiçoada pelo pai, o Francisco. E arroz de jambu, com bastante jambu, para enebriar mesmo o paladar. E filhote na brasa com farofa de banana e camarão. E pirarucu defumado com banana da terra frita, castanha-do-pará em lascas e pirão. E sopa doce e gelada de taperebá com raspinha de puxuri (ou pichurim ou pixuri - Licaria puchury-major), que lembra anis estrelado; creme do raro açaí branco (que é verde e não branco) com tapioca; pudinzinho de fruta-pão com calda de cumaru e telha de castanha-do-pará; e sorvete de bacuri perfumadíssimo. O chef contou com a ajuda da namorada Iuca e do irmão Felipe. E como tudo o que acontece na casa da Margot, a organização estava perfeita. Não dava nem vontade de ir embora. Mas o taxi chegou e fomos lá.
Quer mais? só mesmo indo ao Remanso do Peixe, em Belém (que eu não conheço - ainda). Enquanto isso, fique com as fotos para se animar:
Casquinha de caranguejo com farofa de castanha do Pará e patinha de caranguejo empanada
Camarões dourados na manteiga Real e temperos paraenses. Com batata doce grelhada
Moqueca paraense, arroz com jambu
Pirarucu defumado, que foi acompanhado de pirão
Filhote na brasa com farofa de banana e camarão. Com legumes e banana frita
Sopa fria de tapereba com puxuri
Trio de sobremesas: Pudim de fruta pão com calda de cumaru, açaí branco e tapioca, sorvete de bacuri
Meu amigo Arnaldo Lorençato, todo feliz, ganhou uma lata da manteiga Real. Eu ganhei um pacote de açaí branco do Thiago, que me alegrou dizendo que é leitor assíduo do Come-se. E todos nós ganhamos, não só esta lição de sabores amazônicos, como um saquinho de biscoito de castanha-do-pará na saída. A semana está boa!
Restaurante Remanso do Peixe
Travessa Barão do Triunfo, 2590 - casa 64
Telefone: 91- 3228 2477
Neide,que banquete! eu ADORO caranguejo e só como quando vou ao ES que aqui não existe fresco,vou com minha irmã todo ano num local perto do mar onde nos esbaldamos.Eu ficaria mega feliz de provar estes pratos.Beijo!
ResponderExcluirJesus!!!!
ResponderExcluirdaria a vida nesse instante pra provar pudim de fruta pao.
adoro e dificilmente encontro quem conheça, img a fruta, IMG O PUDIM!!?!?
rsrsrs...
um beijo
Me senti de volta a Belém lendo este post....
ResponderExcluirNeide por favor, vc saberia me dizer o que é acaí branco?^
ResponderExcluirCiça,
ResponderExcluiro açaí branco é, na verdade verde. Muito raro, difícil de encontrar no mercado mesmo em Belém. No sabor é parecido com o que conhecemos, de cor arroxeada, mas é uma variedade que tem cor verde mesmo quando maduro.
Um abraço, N
Açaí branco? Dava meu braço direito por uma provinha (eu sou canhota!)...
ResponderExcluirFaz um sorvete....
Bj.
Neide.
ResponderExcluirNão é que o açaí branco seja, necessariamente, uma raridade. É que ele não tem safra durante todo o ano, como o açaí comum adorado de cada dia. O branco (não me pergunte por que não verde, a cor verdadeira) só amadurece e é comercializado durante uns dois ou três meses por ano, geralmente a partir do final de julho. Nesse período é relativamente fácil de ser encontrado em Belém. O único problema é que por conta disso é um pouco mais caro. E, realmente, é uma delícia.
Obrigada, Tylon! Não sabia disto. Ainda estou com o meu guardado aqui. Para mim, raridade total.
ResponderExcluirUm abraço, N
Neide.
ResponderExcluirPara não deixar passar o ocorrido, deixo aqui meu testemunho. Hoje (20/08) entrevistei o Thiago. No final da conversa eu e a fotógrafa fomos "obrigados" a comer uma entrada de iscas de peixe, um pirarucu ao molho de castanha-do-pará com purê de jerimum e farofa de feijão verde com farinha de madioca. No final rolou o pudim de fruta pão com calda de cumaru. Foi um trabalho sujo, mas alguém tinha que fazer.
Abraço.
Tylon,
ResponderExcluirtrabalho sujo como este, eu também topo fazer.
bjs,n
Acabei de ler este post fantástico com (muita) água na boca e uma saudável inveja!!! Pena q depois do almoço... Na sexta (21) escrevi sobre esse magnífico Remanso do Peixe, no meu blog Pelas Ruas de Belém, onde sempre comento gastronomia. Veja: http://pelasruasdebelem.zip.net/arch2009-08-01_2009-08-31.html#2009_08-21_18_56_48-10174982-0
ResponderExcluirEsse povo do Remanso é demais. Gosto deles e do q sabem fazer!
Parabéns pelo Come-se. Come-se bem, virtualmente, aqui e arranca-se para comer presencialmente (ops!)
fernando jares
Neide, só fui a um Estantes e Panelas, o primeiro, que foi super divulgado. COmo fico sabendo dos próximos?? Vc pode me ajudar??
ResponderExcluirObrigada
Um beijão, Malu
Malu,
ResponderExcluirentre no site da livraria cultura e se cadastre para receber notícias. Assim, ficará sempre sabendo. Já adianto que o próximo será no dia 14 de setembro.
Um abraço, N
Fernando, muito legal seu post. Fiquei babando com a comida. E eu sei que este pessoal é bom. Obrigada, um abraço, N
ResponderExcluirBrigadão Neide, vou me cadastrar, não quero mais perder essas oportunidaes!
ResponderExcluirBeijocas, Malu
nossa sou de Belém,mas to morando atualmente em sampa! adorei a reportagem, as fotos ficaram lindas e deliciosas, tudo isso me deu mts saudadess!!!! e o remanso do peixe é mt bom!!
ResponderExcluirParabens!!!
Acabei de voltar ao top to seu Blog e vi novas fotos. Fiquei feliz em ver fotos do meu mais favorito "basil". Nao sei como se chama no Brasil, mas plantei na minha mae no Rio mas ela prefere a alfavaca. Agora, nao me diga, que aquelas frutinhas com um biquinho na ponta, logo a esquerda do basil, nao abaixo, seja hibiscus?? TEnho uma jarra na geladeira. Aprendi a fazer com amiga do Trinidad e Tobago. Gostaria de saber. Bjao
ResponderExcluirOi, Tabushi!
ResponderExcluirNão consegui descobrir a foto a que se refere. Me mostre o link.
Um abraço,n
Ai que saudade de tudo!!! Queria saber onde encontro essas delícias aqui em SP. Prometo que assim que chegar em Belém vou ao Remanso...
ResponderExcluirQueridos(as),muito me engano ou o acaí branco de que estão falando nada mais é que um fruto de uma paumeira semelhante ao açai de nome `abacaba´, caso eu esteja errada peço perdão. A abacaba tem a cor bege, sabor travoso não se assemelha a fruta alguma.
ResponderExcluirSaudades da minha terrinha ,essa culinária riquíssima q me enche de orgulho.
ResponderExcluirfiquei com água na booca AFFF...parabéns pelo blogger.Olha só "açai branco" na verdade chama-se abacaba E É UMA DELÍCIA.......