terça-feira, 9 de junho de 2009

Agora sim, a aula de amargos

Depois de uma aula é sempre aquela coisa: eu deveria ter falado menos; ter feito mais; me amedrontado menos; arriscado mais; esquecido menos; me preparado mais; olhado menos pro chão e mais para os olhos amigos; ter enxergado as coisas como elas são. Mas o que passou, passou e, no fim, deu tudo certo. Também não tem como não dar errado qualquer empreendimento com a Ana Soares e a Mara Salles, super responsáveis, organizadas, sérias, criativas, compreensivas, amigas, generosas. E muito mais. Dei o que pude dar, mas a cada trabalho com elas aprendo muito e, quem sabe, num próximo, se houver, poderei me sair melhor.

A aula começou com jurubebas, evoluiu para jilós, carás-moelas, guarirobas, salada de amargos com fígado pochê, feijão andu verde com pancetta, terminando com doces amargos e uma profusão de compotas amargas (laranja amarga, casca de maracujá, geleia de tangerina com casquinha, laranjinhas) com queijos. E, claro, chá de boldo. Até eu fiquei assustada com a quantidade de pratos que iam saindo. E a Ana levou uma produção impecável. Até feirinha de amargos para levar para casa havia. Como já dei nos posts anteriores links de coberturas da aula, passo agora a algumas fotos para ilustrar apenas.

Sala cheia: Roberta Malta, Alessandra Blanco, Cenia Salles, líder do Slow Food São Paulo, James Oseland, da revista Saveur, Anissa Helou, do Observer (que, por sinal, tem um blog muito legal: www.anissas.com/blog1/), Janaína Fidalgo, da Folha e um monte de gente importante e interessada nas nossas amarguras

Gente famosa na primeira fileira: Ivana Arruda Leite, da literatura, na extremidade esquerda, e Noemi Marinho, do teatro, na extremidade direita. E ainda Maria Eugênia Cova, Emi Hirata e outros amigos


O Carlos Alberto Dória não foi, mas apareceu no vídeo sobre amargos que fizemos especialmente para a aula - logo estará no you tube e publicarei aqui

Esta salada feita pela Ana estava uma coisa. Folhas amargas com fígado pochê e molho de vinho tinto
Jurubeba das três: purê de cará-moela com jurubeba e folha de endívia, da Ana; beijinho-de-bruxa, feito como um acaçá da arroz, mas recheado com jurubeba, da Mara; e pastinha de coalhada seca com jurubeba sobre kinkã e tapenade com jurubeba sobre massa de pastel.
Claro, a Ana Soares, especialista em massas, não poderia deixar de fazer uma versão amarguinha. De pó de mate verde (0 mesmo do chimarrão), com molho de guariroba e uma colherada de nata
A Mara cozinhou os jilós e tirou cuidadozamente estes miolinhos de semente e os tratou como caviar

Um mingau aromatizado de amburana e cobertura de grapefruit com calda de gengibre. Meu


Feirinha pra levar pra casa: jilós, chicórias, radichios, grapefruits, escarolas, almeirões

Não parava de sair pratos
Levei um galho de jurubeba para mostrar os frutinhos enquanto ensinava a preparar a conserva. Além dos vidros levados pela Mara, de jurubebas e guarirobas
A pancetta da Mara, com feijões andus verdes, docemente amargos e verdinhos como ervilhas, e laranjinhas kinkãs.
Jerônima Barbosa, do Marajó, minha grande amiga que deu aula sobre carne de búfalo
Emi Hirata (irmã da Mari Hirata) confere a conserva de guariroba
Ao fim da aula, todos puderam degustar de tudo um pouco

Depois, todos que deram aula tiveram fazer fotos de estúdio para o Paladar. O Marcos, que não é bobo nem nada, aproveitou a pose com jurubebas (close no brinco)
Receitas apresentadas na aula e cobertura completa de todas as aulas estarão num cadernão que o Paladar está montando para juntar à edição de quinta feira do Estadão, ão, ão.


25 comentários:

  1. ADOREI Neide! parabéns novamente,senti tanto orgulho por ti,ainda serei plateia algum dia,beijo!!

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  2. Sucesso total, hein? Parabéns!
    Eu que gosto muito de um gosto amargo, queria muito estar lá para saborear e aprender. Quem sabe na próxima?

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  3. Neide,as laranjas gaúchas tiveram alguma utilidade?beijo!

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  4. Neide, que sucesso! fruto de muita dedicação, estudo, parceria só poderia resultar no que deu: sucesso!
    Parabéns!
    bjo, Glaucia

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  5. Conviver com vocês é aprendizado certo. A aula foi ótima, daquelas que a gente vai lembrar a vida toda. Parabéns!!!
    Beijo

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  6. Ainda bem que meu pai me guarda todas as edições do Paladar.

    Que lambança boa, essa comidarada toda !!!

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  7. Voce esta LINDA nessa foto pose pra revista! :-)

    beijo, Neide. you're the best!

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  8. Neide, os "Que Bicho" também estavam lá, mas no fundão, se divertindo até... Ia te perguntar (mas também sou tímida) se procede uma explicação que ouvi certa vez, de que a capacidade de perceber o amargo é a última que a gente adquire, em algum momento da infância. Me disseram isso quando contei que passava com a minha mãe no mercadinho da esquina e saía mascando um jiló no meu carrinho de bebê, para espanto dos adultos que paravam para olhar. Um abração e parabéns às três pela aula, foi uma delícia!

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  9. Uau, que aula!
    E perdi!
    Tinha alguns compromissos e só consegui ir na do Claude( por sinal, bem meia-boca!).
    Abs e não perderei o próximo Paladar. Todas as receitas serão publicadas ??

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  10. Neide, seu post começou com o "epitáfio.... devia ter...." e terminou com um sorriso de dever cumprido.
    Parabéns pelo evento!
    Bjs.

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  11. Obrigada, amigos!

    Ana, agora, ampliando a foto, vi você lá. Ainda bem que não me perguntou isto lá, em público, porque não ia saber lhe responder. Vou procurar saber. Adorei a história do jiló.
    Beijos,

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  12. Neide,

    Uma beleza teu banquete. A aula deve ter sido uma sensação. Teria provado tudo com prazer já que tenho um paladar amarguíssimo por natureza.

    Chapei naquele caviar de jilós e no espaguete de chá verde eu vou reproduzir my way, assim que encontrar os ingredientes.

    Hoje eu bebo meu café amargo de todos os dias em tua homenagem, foi uma aula belíssima, você merece.

    Saúde,

    Cláudia

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  13. No inicio do seu post penso que vc nao estava descrevendo sò vc mm, e sim um monte de nòs frente a algo simile, rss.
    Ja tinha lido sobre a aula de vcs la no Comidinhas e no Paladar tb.
    Foi algo muito comentado, nao é mm?
    E sò merecia, pq o assunto nao era nada facil, nao.
    Parabéns pelo sucesso do trio, e outro tanto pelo esforço de cada uma de vcs!
    Bjs!

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  14. Ola Neide tenho que dizer que fiquei de boca aberta por tao maravilhoso post. Muitos parabens pela sua aula que pelas imagens deve ter siso maravilhosa. Queria que me desculpasse por hoje lhe deixar isto:

    Como não sei se passas pelo meu blog, decidi deixar aqui um link pra um documentário ao qual assisti hoje no google vídeo. Estou a deixar o link (assim como a todos aqueles que conheço ) porque acho que todos vale a pena saber aquilo que passa a nossa volta.

    http://video.google.com/videoplay?docid=-1717800235769991478&hl=pt-BR

    Beijinhos, fiquelut bem.

    P.S. caso não consigas chegar através do link, podes procurar pelo nome de Earthlings.

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  15. Neide!!! Que post maravilhoso!!
    Que capricho esta aula, heim?
    Adoreeeeei!
    O come-se é meu blog de leitura diário! E pensar que te achei, meses atraás, através do santo google, quando procurava artigos sobre como fazer uma horta! E que achadooo!
    fofa!
    beijos

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  16. Cara Neide, há tempos “freqüento” o seu blog e aprecio muito a alta qualidade dos seus escritos, fruto evidente da sua competência profissional e dedicação.
    Estou escrevendo para dizer que gostei muito do assunto “Amargos” e de como ele foi amplamente abordado. Entretanto, senti falta do melhor (na minha opinião) alimento amargo que temos por aqui: a alcachofra (será que perdi algum post sobre ela?).
    Gosto de degusta-la simplesmente cozida em água e sal, mergulhando as folhas (e, depois, o coração) num bom vinagrete (azeite, limão, sal, pimenta e batedor de arame até a completa emulsão).
    Mais uma vez parabéns pelo seu ótimo blog.

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  17. Iebaaaaaaa!!!!!!!!
    Que aula mais deliciosa e que público mais chique....realmente devem surgir zilhoes de borboletas no estomago...ai credo.
    Você merece todo sucesso!!!
    bjocas,
    si

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  18. Dino,
    deixamos de fora a alcachofra e muitos outros alimentos por falta mesmo de espaço.

    Obrigada a todos. Beijos, N

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  19. Neide, parabéns pela aula e pelo blog, estou cada vez mais viciada nele. beijão da Ale (comidinhas)

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  20. Tb sou fã dos amargores, de doce já basta a vida.. me lembrei da catalônia refogada da infância na casa dos meus avós, que comíamos com pão durante o almoço. Mudando pro Rio mantivemos o hábito com a escarola, ou chicória pros cariocas, mas ficou a lembrança daquele sabor marcante...

    Será que encontro em alguma feira? como a influÊncia italiana por aqui é mínima, não sei onde procurar, em sampa não deve ser difícil?!

    Bjs, Daniel.

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  21. Oi, Daniel!

    Se bem entendi, você está no Rio. Imagino que encontre catalonha em feiras, não? Aqui em São Paulo até que é fácil, sim.

    bj, n

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  22. Vou procurar e te conto, devo admitir que vou menos a feira do que gostaria, vida corrida, morando sozinho.. acabo ficando nos hortifrutis da vida, mas motivado pelas suas andanças, vou me mexer um pouco mais.

    BJ

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  23. Daniel,
    tenho certeza que vai descobrir um grande prazer em sair por aí.
    bj,n

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  24. nossa! que delicia esse blog, me da fome e vontade de aprender mais sobre comida. bjs e sucesso na sua linda e saborosa arte.

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  25. Oi adoro amargos e sou louca por conhecer os usos de plantas medicinais.
    a fruta da jurubeba é um doce amargo, não da para usar em molhos? parece tão bom! (suco é doce e a casca é amarga) moro em Lages e tem um produtor q quer saber se tem uso,
    Maria Sueli

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