Como será que chegaram a este justo valor?
Qual o nome? Cogumelo, respondeu a moça da banca no Mercado Municipal de Porto Alegre. Como se chama? Cogumelo que cresce no pé dos eucaliptos. Fora isto, não consegui arrancar mais nada da vendedora, que foi atenciosa e até me ensinou uma receitinha – cozinha num refogado de tomate, cebola e alho-poró por 15 minutos. Mas, de fato, não sabia o nome, uma pista do nome científico, ou o apelido em alemão, italiano, nem nada ... Só sabia que ele cresce espontaneamente nas florestas úmidas. É raro, quase nunca tem por lá e eu só o vi naquela banca. Desponta nesta época do ano quando o inverno tem chuva e dias de sol. O bafo da chuva mais o calor da terra fazem brotar estas criaturas com aparência de coral. Para saber mais, o jeito foi recorrer ao meu Guia práctica para conocer e identificar todas las setas – El Gran Livro de Las Setas, de Ettore Bielli (original italiano, traduzido para o espanhol) e folhear o livro todo, tentando encontrar um design fúngico similar. Quase no final do livro estava lá a espécie, com fotos: Ramaria flava. Em espanhol: pie de gallo, patitas de rata. Com o nome científico dá pra saber tudo sobre ele. Que deve ser colhido jovem; que o corpo é melhor que as ramificações meio amargas (eu comi tudo e não encontrei esta característica); que quando maduro pode ser muito laxante; que mesmo jovens – os cogumelos –, não devemos comer muito; que tem aroma agradável (lembrou as variedades de pleurotos) e sabor, idem. E que na Europa costuma ser encontrado entre folhas caídas e úmidas nos bosques de coníferas.
Outros nomes que descobri (nenhum em português – alguém sabe?): Barba de capuchino, barba de chivo e gallineta, em espanhol. En catalão, peu de rata blanch e manetes.
Assim que chegamos em casa (da Mariângela e do Rui, em Porto Alegre), preparei um pouquinho do dito com manteiga e sal, só para descobrir o sabor. Degustamos com o dourado assado (de posts anteriores) e todo mundo aprovou, uma delícia. Chegando aqui, meti-o numa quiche que é um jeito gostoso de se comer cogumelo e fazê-lo render. Adaptei uma receita de quiche de cogumelos com presunto, da Elvira e não tenho do que reclamar. A massa ficou crocante, desprendeu fácil das forminhas e o recheio teria ficado melhor se eu tivesse realmente usado natas como ela recomenda e não um ordinário creme de leite de latinha. Mas, de qualquer forma, ficou muito bom e o cogumelo estava todo engrandecido e perfumado repousado naquele fundo de colchão crocante, acobertado pelo macio do recheio quentinho.
Quiche de cogumelo do eucalipto
Para a massa
1 ovo grande
1/2 colher (chá) de sal ou a gosto
90 g de manteiga gelada e ralada
200 g de farinha de trigo
Para o recheio
2 colheres (sopa) de manteiga
1 dente grande de alho finamente picado
200 g de cogumelo do eucalipto fresco
2 colheres (sopa) de cebolinha picada
3 ovos grandes
200 g de creme de leite gelado, sem o soro – ou natas, como deve ser
1 colher (sopa) de queijo parmesão ralado
1 pitada de pimenta-do-reino e de noz-moscada
Sal a gosto
Prepare a massa: numa tigela, misture o ovo com o sal e a manteiga ralada em ralo grosso (ou cortada em cubinhos minúsculos). Numa bancada coloque a farinha, faça uma cova no meio e despeje aí o ovo com a manteiga. Vá colocando farinha por cima e amassando devagar com os dedos até formar uma massa homogênea (não se deve trabalhar demais a massa para não estimular a formação do glúten e deixá-la dura e elástica – ela deve ficar maleável). Se precisar, junte um pouco de água (vai depender do tamanho do ovo e da umidade da farinha). Molde uma bola com a massa, coloque num saco plástico e guarde no congelador por 15 minutos. Preaqueça o forno a 180 ºC. Entre duas folhas de plástico, estenda a massa com um rolo até ficar com mais ou menos 2 milímetros de espessura. Forre com ela 8 forminhas refratárias individuais e leve ao forno. Deixe assar por 7 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Prepare o recheio: numa frigideira, derreta a manteiga, junte o alho picado e deixe dourar em fogo alto. Coloque os cogumelos limpos e picados grosseiramente e refogue com um pouco de sal até que fiquem macios e reste pouco líquido na frigideira. Junte cebolinha picada e espere esfriar. Numa tigela, bata os ovos com o creme de leite, o queijo ralado, a pimenta-do-reino, a noz-moscada e sal a gosto. Misture tudo com os cogumelos refogados. Finalizando: distribua este recheio sobre os fundos preassados. Leve ao forno preaquecido a 200 ºC, e deixe assar por aproximadamente 30 minutos ou até o recheio ficar firme e dourado. Sirva com salada de folhas verdes.
Rende: 8 quiches individuais
(se quiser, faça uma quiche grande, como fez a Elvira)
Neide esse cogumelo é um encanto.....
ResponderExcluirBjs.
Oi Neide;
ResponderExcluirEsse aí eu não conhecia. Adorei a sua receita......pra variar né !!!
Oi Neide,
ResponderExcluirmoro em Porto Alegre e comecei a ler o seu blog há cerca de um mês. Como adoro cozinhar e adoro comidas diferentes, claro que estou aodrando o blog. As fotos são lindas, parabéns!
Não conhecia o cogumelo apesar de frequentar o mercado publico todo sábado. Nunca vou na banca de frutas porque compro todas na feira orgânica. Vou ao Mercado para comprar frutas secas, queijo, nata, manteiga, azeitonas, grãos, etc... Fiz a receita do quiche com a nata e a manteiga colonial do Mercado, e ficou uma delícia. No dia seguinte fiz o cogumelo puro só na manteiga e também adorei!
Um abraço,
Adriana
Oi, Adriana!
ResponderExcluirFico feliz em saber. E com manteiga colonial deve ter ficado melhor ainda. Obrigada pela confiança. Um abraço, N
Nem imagina o quanto fico feliz por ter inspirado uma cozinheira como você. :-)
ResponderExcluirGostei muito dessas tarteletes. Ficaram lindas.
Beijos.
Neide aonde eu encontro pra comprar os fungues estou a procura e não acho tu pode me passar o endereço
ExcluirOlá! Neide
ResponderExcluirComo é bom encontrar algo que lembra nossa infância.
Eu costumava brincar de "fazer comidinha" com este cogumelo,e como nunca mais o ví, ficou só na lembrança e cheguei a pensar que não existia mais, mas daí , vem vc e desenterra o talzinho com nome científico e tudo.
Valeu!
Adorei o blog!
Beijão!
PS: Não sou anônima, sou a Luiza de Poa....rsrs
Oi, Luiza,
ResponderExcluirque bom que gostou. Você que está aí perto do Mercado de Porto Alegre terá sempre a chance de encontra-lo. Já aqui em São Paulo vai ser difícil...
beijos, n
Oi, Luiza,
ResponderExcluirque bom que gostou. Você que está aí perto do Mercado de Porto Alegre terá sempre a chance de encontra-lo. Já aqui em São Paulo vai ser difícil...
beijos, n
Olá Neide! Aprendi o porquê ne não se trabalhar muito a massa. Como não tinha cogumelos, aproveitei a sua massa e fiz a quiche do "frango com banana" http://frangocombanana.blogspot.com/2008/05/quiche-de-queijo-minas.html
ResponderExcluire ficou muito boa. Sábado, com a mesma massa, fiz uns pasteis assados com recheio de giló em cubinhos refogado com cebola, tomate, cheiro verde, e um toquezinho de ricota defumada. Foi um sucesso.
Errei. o Anônimo acima é o Felipe Santiago
ResponderExcluirO, Felipe, gostei de saber. Agradeça à Elvira! Adoro giló!! Deve ter ficado muito boa esta combinação.
ResponderExcluirUm abraço,
Neide
Este cogumelo está no livor sobre os tais, publicado pela Editora da UFRGS, vários autores, inclusive a Profa. Rosa Guerrero. Não tenho o livro aqui (estou na praia), logo não tenho o nome científico. É muito comum em florestas de eucaliptos, mas acho que a referencia européia (dizendo que é associado a coníferas) deve referir-se a outra espécie. Das espécies que conheço, é a mais segura, não há confusão.
ResponderExcluirJorge Ducati
Caro Jorge,
ResponderExcluiradoraria ter este livro. Quando voltar da praia, por favor, mande para o meu email neide.rigo@gmail.com o nome completo do livro e como faço para adquiri-lo. Tenho interesses em conhecer outros cogumelos silvestres. Obrigada pela contribuição. Um abraço,n
Ola Neide!
ResponderExcluirO titulo do livro mencionado é : FUNGOS MACROSCOPICOS COMUNS NO RIO GRANDE DO SUL de ROSA TRINIDAD GUERREIRO
A Ramaria é um cogumelo bastante comum nos bosques de eucalipto uma vez que se encontra associado a esta espécie através de suas raízes numa relação de simbiose conhecida como micorriza. Se coleta em geral nos meses de outono e primavera. O detalhe é que deve ser consumido sempre cozido uma vez que possui uma substancia indigesta que se neutraliza com o calor.
Porto Alegre
Ari Uriartt
Oi, Ari!
ResponderExcluirObrigada pela informação. Vou tentar conseguir este livro.
Um abraço,
N
Bom dia Neide!
ResponderExcluirDesde criança (faço 50 aninhos em Abril/2012) ia com meus pais buscar desses cogumelos em matas de Eucaliptos ali pros lados da Av. Juca Batista em Porto Alegre/RS.
A mãe abatia alguns coelhos de nossa criação e, fazia os tais cogumelos cozidos no molho feito com as "barrigueiras" dos coelhos...
Esse molho era usado pra acompanhar a massa feita em casa...
E os Coelhos eram assados na brasa pelo pai...
Não é atoa que tenho um "lindo e arredondado" abdômen, né... hehehe
Até hoje, de Março até Maio, em dias úmidos e quentes, vou em busca desses deliciosos e pouco conhecidos cogumelos...
PS:
Se alguém aí tiver livros em PDF a respeito de fungos ou de gastronomia, me enviem, OK
pfcardo@hotmail.com
grato!
Olá, conheci o seu blog hoje, por indicação no grupo Ingá.
ResponderExcluirSou do interior do RS e sempre vi estes cogumelos em meio a mata de eucaliptos do meu pai, mas nem imaginava que eram comestiveis.
Vou criar coragem e esperimentar.
Taoista, bem vindo! Sorte sua poder encontrar estes cogumelos por aí. Espero que goste. Um abraço, N
ResponderExcluirBendita internet! Pesquisei nosso famoso funghi dos italianos da Serra Gaúcha para mandar a amigos na França e aqui te encontro com as mesmas duvidas! É o mais saboroso dos cogumelos que já provei. A tradição de prepará-los como rara iguaria vem de mãe para filha, há gerações. Tudo que sei sobre eles é que surgem num raro e breve momento do ano; são procurados por gente de origem italiana e desprezados pelos demais; na Itália tentei explicar o que eram e talvez sejam lá conhecidos por "funghi manini", enfim, não esperava ouvir falar deles fora da região colonial italiana da Serra Gaúcha. Gostaria muito de saber onde é esse mercado e de onde você escreve. Grato,
ResponderExcluirMarco Danielle
tormentas@tormentas.com.br
Interessante este cogumelo. Conheci ele neste site: http://queroplantar.xyz/cogumelos/ramaria-flava-o-cogumelo-do-eucalipto/
ResponderExcluirSo para complementar este cogumelo e muito gostoso, porem sempre deve ser consumido cozido uma vez que cru tem substancias vnenosas que sao destruidas pela fervura.
ResponderExcluirAndre Cruzatti
Neide! Adorei as informações! Moro em Caxias do Sul, na serra gaúcha e desde criança eu saía com a minha mãe e a minha vó para colher "funghi" nos pés dos eucaliptos! Eles ficam escondidos debaixo de folhas mortas e são muito sensíveis à temperatura, então só em condições ideais de chuva e sol podemos encontrar. Vou perguntar para a minha vó que hoje tem 96 anos quem ensinou à ela que poderia comer aqueles cogumelos, porque não somos descendentes de italianos (e moramos em caxias há 3 gerações, vualááá hahaha) mas as pessoas que eu conheço daqui também não sabem o que é esse cogumelo repolhudinho laranja. A minha vó e a minha mãe sempre preparavam funghi empanado e frito! E meu Deus, que delícia!!! Não conheço outro cogumelo com um sabor tão peculiar!!!
ResponderExcluirAbraço!
Esse "fungui" empanado na farinha de trigo e frito é uma delícia. Vc não consegue parar de comer. Experimente!
ResponderExcluir(Ligia)
Esse cogumelo aqui em caxias do sul conheço por "fungui"
ResponderExcluirOlá quando eu ainda menino no interior de são Paulo, mais preciso, em Mairiporã SP, já comi de mais esse tipo de cogumelo, sempre fasiamos refogado é, uma delicia.
ResponderExcluirRamaria flava é um fungo que pertence ao gênero Ramaria na ordem Gomphales. Encontrado na região sul do Chile e nas matas de eucaliptos do Rio Grande do Sul durante os dias mais quentes e unidos do outono e início da primavera, é considerado uma espécie de cogumelo comestível.
ResponderExcluirOlá! quando eu era criança colhia com minha vó, no interior de Caxias do Sul, sempre após uma chuva, lembro-me...são deliciosos.. memórias gastronômicas. Obrigada adoro tuas receitas.
ResponderExcluirSó vi esta matéria agora. Fiquei muito feliz em ver o Ramaria Flava em evidência. Conhecemos em Bento Gonçalves com o apelido de "|Manina Bicolore" na chamado dos italianos. É muito delicioso mesmo e pode-se fazer um rizzoto ou pasta com eles. muito delicioso. Tenho algumas receitas.
ResponderExcluirSó vi esta matéria agora. Fiquei muito feliz em ver o Ramaria Flava em evidência. Conhecemos em Bento Gonçalves com o apelido de "|Manina Bicolore" na chamado dos italianos. É muito delicioso mesmo e pode-se fazer um rizzoto ou pasta com eles. muito delicioso. Tenho algumas receitas.
ResponderExcluirQuando eu era pequena meu pai ia colher isso em meio os eucaliptos e fazíamos molho. Muito bom
ResponderExcluirMeu pai chamava fungui.
Quando criança comíamos sempre, morávamos próximo ao campo de eucaliptos,
ResponderExcluirChamávamos de fongue,sempre refogado com manteiga e sal. Muito bom
Ola como isso desde criança mas aprende com minha mae fazer empanado e frito fica otimo e coisa de outro mundo pagaria 100 reais ao kilo e ficaria satisfeito
ResponderExcluirAondo moro nao encontro, infelizmente
ResponderExcluirNem achei sites para venda
Na minha cidade (Pilardo Sul) chamamos de franguinho do Mato, uma delícia refogado!
ResponderExcluirUma das minhas principais memórias de infância são as expedições que fazia com meu pai ao parque Saint Hillaire, em Viamao, para colher esses cogumelos no meio dos eucaliptos. Fazem 50 anos. Décadas depois também encontrei em matas de Caxias do Sul, próximas da represa. São deliciosos.
ResponderExcluirMe criei comendo este espécie de fumgui procuro todo o ano sou de origem italiana ,e fazemos com nata e manteiga caseira em molho
ResponderExcluirGostei muito de saber q ainda existe esse "funghi". Alguém tem sementes ou mudas?
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