Da primeira vez que fui à Ilha do Marajó enlouqueci com as frutas da fazenda da Dona Jerônima, mãe da minha amiga Kátia: murici, tucumã, taperebá, bacuri, só pra citar minhas preferidas. Na época, nos informaram que não poderíamos carregar cupuaçu no avião, já não me lembro porquê: se por causa do cheiro forte ou para não disseminar a vassoura-da-bruxa, a peste que devasta as plantações de cacau, da mesma família. Mas, se não me engano, era mesmo por causa do cheiro, pelo menos foi ele que nos causou certa saia justa no avião. Isto me fez lembrar do durião, uma fruta que dá no sudeste da Ásia. Há muitos anos li no jornal que este tal de durião ou durian (Durio zibethinus) fede à fossa, creme de queijo, cebolas e outras iguarias sulfurosas. É considerada a fruta mais fedida do mundo, proibida, em Cingapura, nos metrôs, hotéis e aviões - o piloto poderia passar mal e deixar cair a aeronave. Mas também, a melhor em sabor. Não conheço, mas duvido um pouco que seja assim tão fedida quando eu mesma fantasio. Era assim com a assafétida, aquele tempero indiano. Imaginava-o como um esterco do inferno, até conhecê-la. É parruda, imponente e indispensável na comida indiana e um pouco só fedidinha. Um verdadeiro glutamato hindu pois realça o sabor. Ainda alivia o efeito flatulento das leguminosas (feijões, lentilhas, grão-de-bico, ervilhas). E tem mais, se o cheiro ruim é o anúncio de uma coisa boa, a gente passa a gostarzinho também dele. Eu amo sentir o cheiro do estrume fresco do pasto quando vou chegando ao sítio. Tem gente também que acha jaca fétida. Mas, voltando ao durião.... Não, ao cupuaçu, avião... Então, mesmo sabendo que não deveríamos levar a bordo o cupuaçu, desobedecemos e o escondemos bem vedado na bagagem de mão. Em certo momento, o cheiro passou do limite do aceitável e ganhava ares de denúncia explícita. Eu olhada com cara de culpada pro Marcos; ele olhava com cara conivente pra mim e nós dois espiávamos discretos a reação dos passageiros que pareciam meio entorpecidos. Nem um risinho de escárnio conseguíamos esboçar. Estávamos realmente preocupados. Só quando o avião pousou, respiramos com desafogo. Ninguém vomitou, a aeromoça não deu pito, o avião não caiu. Todo mundo em pé tirando coisas do bagageiro quando ouvimos um do casal da frente, em segredinho: Égua!, nosso cupuaçu fedeu, hem?! Neste mundo, não estamos só, ufa.
Bem, como já disse, estou esquentando os tamborins para o carimbó do Pará que se aproxima. Não vejo a hora de voltar à Ilha do Marajó, que cheira bem a cupuaçu e no meio de dezembro estarei lá. Encontrei no supermercado a frutona. Muito melhor que a polpa congelada. Dá um pouco de trabalho, mas vale a pena, pois congela bem e pode ser usada a qualquer momento em bolos, cremes, sorvetes e sucos - e tudo o que se pode fazer com ele.
Para tirar a polpa: tem que quebrar o fruto com um martelinho e ir cortando a polpa com uma tesoura. Já tentei várias técnicas, mas a única que funciona é a paciência de ir cortando a polpa, como a uma núvem molhada. Corta três, come um, corta dois, come um... E depois ainda chupa os caroços. O quanto sobrar, embale em saquinhos separados e congele.
oi neide, finalmente você me iluminou sobre como lidar com o cupuaçu. o creme de cupuaçu é uma das coisas mais deliciosas, mas com o congelado que se vende por aqui, nem pensar... lá vamos ao super, pra ver se ainda há. beijos. sigo por aqui, no fâ clube.
ResponderExcluirOi Neide
ResponderExcluirUtilizei uma receita sua em uma pesquisa científica hahaha.
Inté : )
http://docescoisasdavida.blogspot.com/2007/11/lista-de-compras.html
Já li e assisti algumas reportagens sobre esta fruta, fiquei com muita vontade de experimentar...
ResponderExcluirbjo,
Nina.
Oi, te vi na lista do amigo secreto de blogs de comida e passei pra conhecer seu blog.
ResponderExcluirVoltarei sempre, beijinhos.
Daninha
http://cinebistrot.blogspot.com/
AHAHAHA...vou pegar uma carona até o Pará com vcs! bj Sill
ResponderExcluirNeide !
ResponderExcluirSimplesmente genial !
Abraço
Caio
e eu que pensei que tinha pagado mico por trazer um berimbau dentro do voo salvador--sao paulo! :-)
ResponderExcluirquem bebe aquele suco congelado de saquinho nunca imagina, hein? ;-)
um bj!
Olá Neide, você salvou meu domingo :-) Semana passada voltei do Rio Tapajós e também trouxe um cupuaçu no avião. Mas como as pessoas de lá haviam me avisado sobre o forte cheiro, embalei em 5 (!) camadas de saquinhos plásticos e despachei na bagagem (ainda bem que não extraviou)... Ele até cheirou um pouco, mas nada demais. Hoje decidi abri-lo e vim no Google procurar como tirar a polpa - a primeira ocorrência sobre o tema foi o seu blog! Abraços, Daniel
ResponderExcluirOlá Neide, você salvou meu domingo :-) Semana passada voltei do Rio Tapajós e também trouxe um cupuaçu no avião. Mas como as pessoas de lá haviam me avisado sobre o forte cheiro, embalei em 5 (!) camadas de saquinhos plásticos e despachei na bagagem (ainda bem que não extraviou)... Ele até cheirou um pouco, mas nada demais. Hoje decidi abri-lo e vim no Google procurar como tirar a polpa - a primeira ocorrência sobre o tema foi o seu blog! Abraços, Daniel
ResponderExcluirEu também já passei muito aperto no avião trazendo cupuaçu do Pará pro interiorzão de Minas Gerais. Meu marido trabalha por lá e agora pra eu não senti falta ele traz saco de 50 kg de cupuaçu, bacuri, castanha, açai, mel de abelha e tudo de bom que o Pará nos oferece.
ResponderExcluirBeijos e gostei de mais do seu Blog.
Roberta Chaves.
Nossa, Roberta, que inveja!!
ResponderExcluirbeijos, n
io neide,adorei seu blg sobre o cupuaçu , e como tira a polpa,mais achei muito complicado e melequento, por isso omodo mais facil que achei foi de congela e depois tira apoupa ficou muito mais pratico e ocaroço fica bem limpo obrigada.
ResponderExcluirCompro cupuaçu no bairro da Liberdade, mas eles são bem menores dos comprados na Amazônia. Mas só compro quando estou com tempo de sobra e paciência para cortar a polpa.
ResponderExcluirOi Neide, adorei a história do seu cupuaçu no avião. Sou brasiliense, mas de mãe paraense. Já paguei muito mico por causa de trazer cupuaçu. Não sei qual a sua profissão, mas você escreve muito bem. Parabéns.
ResponderExcluirAbraço,
Tânia
Olá eu vendo cupuaçu, tenho 3 pés em meu sítio, caso queira alguem me ligue moro no rio de janeiro na baixada fluminense
ResponderExcluirtel 021 36587604 Mirian
Olá eu vendo cupuaçu, tenho 3 pés em meu sítio, caso queira alguem me ligue moro no rio de janeiro na baixada fluminense
ResponderExcluirtel 021 36587604 Mirian
amei sua tecnica deu certinho ,ai já aproveitei e fiz um mousse com 3 xic da polpa do cupuaçu 1 xic de aguá gelada 1 caixinha de creme de leite 1 caixinha de leite condensado bati uns 3 minutos no liquidificador.menina ficou divino simples e fantástico.OBRIGADO AMORE PELA DICA!
ResponderExcluirCuidado ao carregarem frutos, flores e tudo o mais nas viagens, seja de ônibus ou avião, quanto aos temperos indianos deve ser por causa do cheiro, mas principalmente quanto ao cupuaçu não é não... O cheiro é só um alarmante de que vc tem ele na sacola... Ah, e não sei se funciona, mas minha avó pinga umas gotinhas de vela naquele buraquinho de onde ele ficava agarrado no pé, não tem? Ela veda aquele buraquinho com vela, e então embrulha ele em umas sacolas. De acordo com ela não dá pra sentir cheiro nenhum...
ResponderExcluirMe estoy volviendo loca con tantas opciones de comidas tan deliciosas que publicas aquí! me encanta!
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