quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pé na cozinha e caldo de galinha no potinho



Se você já fez um frango caipira inteiro na panela, bem temperado com pimentas, alfavacas ou manjeronas, alho e cebola, cheiro-verde e urucum, cozinhando devagar, juntando água quentinha aos poucos a cada chiado da pele dourada reclamando, até formar um caldo grosso de sabor inigualável, vai saber do que estou falando.
Veja aqui no Come-se receita de frango caipira ou angola que pode servir de base, mesmo para frangos de granja
Aquele molhinho que sobra na panela junto com as partes injustiçadas pelo desprezo - pés, pescoços, costelinhas e dorso, ninguém é louco de jogar fora. Nem eu, claro. Às vezes, guardo do jeito que sobrou e uso em duas ou três vezes num arroz ou numa sopa.
Mas de vez em quando junto a ele alguns pés conservados no freezer estrategicamente para situações de caldos e sopas, mais água e alguns outros temperos para reforçar, como sementes de feno grego (que tem incrível sabor de caldo de galinha), grãos de coentro, algumas folhas de alfavaca ou o tempero de que gostar no seu caldo. E levo para cozinhar.
Quando os pés estiverem bem macios, com a pele se soltando dos ossos, o caldo está pronto. Se restou muita água, é só reduzir até conseguir mais ou menos 700 ml (isto, para uns 10 pés e o caldinho de um frango). Depois, basta peneirar, deixando passar uns pedacinhos do tempero, colocar em potinhos e deixar na geladeira para gelatinizar e usar em uma semana. Não é exatamente um caldo para consomês, postos que é grosso, nada límpido.
Ao meu juntei ainda, depois de coado, cebolas picadas que fritei no azeite até dourar (elas dão um sabor incrível). Se quiser, já pode deixar salgado, mas não precisa, especialmente porque, você sabe, consumimos muito sódio vindo da alimentação industrializada (e agora a Anvisa vai ficar em cima!) e não precisamos cometer os mesmos erros na comida caseira.
A gordura do caldo (que já estava na panela com a sobra do frango), vai subir à superfície e a solidez da gelatina vai facilitar sua retirada. Se for muita, é melhor tirar, raspando com uma colher. No caso de ser pouca, deixe para dar mais sabor e substituir a gordura que usaria no prato, por exemplo no arroz. Ela é quase líquida em temperatura ambiente, menos maléfica que as duras - bovinas e vegetal hidrogenada.
Quando quiser usar o caldinho é só desenformar ou tirar uma colherada e juntar diretamente na panela das sopas, feijões, ensopados, purês etc. Pode ser diluído antes em água fervente, mas não precisa, já que basta o calor para que derreta. A comida fica deliciosa sem a necessidade de realçadores de sabor glutamato monossódio ou dissódico, gomas xantanas ou jataí nem embalagem descartável que vem dos supermercados.
O pé: colágeno na pele e tendões; de gordura, quase nada
Os pés de galinha são as partes mais ricas em colágeno que vai dar brilho aos alimentos sem engordurá-los. Isto enquanto está quente, pois quando frio endurece como qualquer gelatina. O calágeno ajuda também a dar espessura aos molhos (mas o exagero de redução pode fazer o colágeno virar uma cola - já comi em mais de um restaurante molhos assim, de grudar os lábios).
Não tenha medo de colágeno, que não é gordura. O pé é um alimento magrinho - veja a foto da parte dissecada, com pele, tendões e uma bolinha de carne na palma. Pena que, embora o colágeno seja um tipo de proteína, não se trata de uma proteína completa, com todos os aminoácidos essenciais que a faria totalmente aproveitável. E, quanto à sua assimilação para repor nossos colágenos internos, perdidos com o tempo, tampouco parece ter muita utilidade, já que não é absorvido como tal. De qualquer forma, mal colágeno não faz e, se nos faz bem acreditar que ele vai deixar nossa cara lisinha, sem pés-de-galinha, melhor.
Caldinho no refogado de brotos de ervilha que usei numa sopa e na abóbora cabochá cozida no vapor, que virou purê

terça-feira, 29 de junho de 2010

Quintal produtivo


Chuchu, cúrcuma, cruá, cará-moela e muita orelha-de-padre - fresca e seca, de um mero quintalzinho
Por causa da reforma, tivemos que fazer uma pequena colheita forçada, liberar os muros e os pequenos canteiros de terra. Mas nada é pra sempre. Logo planto de novo orelhas-de-padre, minhas taiobas, ora-pro-nobis, couves, pimentas, manjericões, cará-moelas, couves e outras miudezas de comer.
Diante da farta colheita de orelhas-de-padre em diferentes estágios de maturação, de chuchus de todo tamanho, cará-moelas, cruás e uma baciada de cúrcuma - as folhas já haviam murchado há tempos -, fiquei curiosa para saber o tamanho exato do meu latifúndio que se resume a algumas faixas de terra rentes aos muros. Arrisca um palpite? Medi, remedi: vinte e cinco metros quadrados! Está certo que umas cordas de aço prolongando o muro aumentam sensivelmente o capacidade produtiva do quintal, mas ainda assim vou sentir falta dos dois metros que perderemos com as mudanças.
Quando chegamos nesta casa não havia uma nesga de terra, tudo pavimentado havia cinquenta anos, mas foi a primeira coisa que pensamos - liberar espaço, plantar, deixar a terra respirar. E ela nos agradece a cada dia, a cada estação.
Não adubo a terra, não corrijo, não faço nada, tem dó de carpir. Só vou plantando. As espécies vão se sobreponhdo, vão vencendo as mais fortes. De repente me esqueço que havia ali naquele fio de aço um pé de cará-moela e só noto quando acho que uma pedra caiu do ceu. A orelha-de-padre foi tomando lugar, fazendo tunel no corredor. Já o chuchu vai enroscando as gavinhas encaracol brigando com o cruá. Enquanto ninguém presta atenção, o ora-pro-nobis lança mãos espinhentas no meio da madrugada tentando invadir o telhado do vizinho. Nem havia reparado aqueles dois cachinhos de uva acima do pé de uvaia que um ano dá, outro não, e pede para sair do vaso.
E depois vem as amoras da amoreira adormecida. Couves vem e vão. No corredor meio sem luz, as taiobas se abrem em guarda-sois. E a pimenteira de sementes do México, durante o ano todo, anos e anos, frutada de pimentas pretas e vermelhas, um dia morre dando espaço para mudas novas que já se formaram abaixo dela. Nascem e morrem capuchinhas, vem capiçobas espontâneas, depois tanchagens, dente-de-leão e mentruz. Cadê o capim cidreira que era uma moita grande? Ah, perdeu-se embaixo da floresta de galangas. Do nada, nasceram camapus silvestres ou cuspidos. O jambu se espalha e amarelece flores miúdas. Do coentro-do-pasto cuido das duas últimas mudinhas que restaram, espremidas pela grama. E assim vão se moldando ao longo do ano, a paisagem mudando, verdejando, descolorindo, folhas caindo, renascendo, multiplicando.



Havia dois chuchuzeiros: um na frente da casa que foi parcialmente esmagado pelas madeiras da reforma; e este dos fundos que precisou ser sacrificado - não, sem antes salvar uma muda num vaso. Veremos se vinga.



A orelha-de-padre em três tempos - na primeira foto, feita há um ano, meu amigo Celso Fioravante colhendo as vagens verdes que adora. A última foto foi feita neste final de semana antes de sacrificar o pé que, desde que o plantei há cerca de um ano e meio, só fez crescer e produzir o tempo todo, sem safra definida, fechando o corredor


Vagens em vários estágios (feijões verdes foram meu almoço ontem). Os frutos e a massa verde tirada da cerca

As cúrcumas já haviam perdido as folhas desde o mês passado, mas ainda estavam frescas e dignas sob a terra
E mais: o que já produziu este pequeno quintal mutante ao longo dos anos



Uvaias


Uvas


Cará-moela ou cará-do-ar


Couve: Dendê também gosta


Taioba

Manjericão-anis

Ervas à toa como capiçoba (acima) e tanchagem (abaixo). Capuchinhas e muita maria-sem-vergonha

Pimenta, cuja semente ganhei da Nina Horta, vinda do México. Chegou a 4 metros de altura. Hoje já é outra muda que ainda não atingiu este tamanho

Ora-pro-nobis. Quanto mais se poda, mas se colhe

Amora espinhenta

E até jambu!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Brotos de amendoim em moqueca



Usei do jeito que aparece na foto do meio. Estes maiores não achei tão bons pra comer - dei pra crianças plantarem
Na onda daquela germinação toda, ficou para o final o broto de amendoim - coloquei dois tipos para brotar e usei o de película vermelha, com menos tempo. O brotos de amendoim cavalo, que havia trazido de Paraibuna, passou do tempo, já estava quase produzindo novos amendoins e por isto dei de presente pras crianças da Veronika plantarem na terra pra acompanharem as flores virar frutos que se enfiam na terra e maturam no escurinho.
Mas usei os vermelhos, depois de tirar a película que vai se soltando quase sozinha. Nem pensei em comê-los crus, pois começam a ganhar um sabor híbrico de amendoim e feijão que parece clamar mais por fogo que frio. Ainda assim, conservem a crocância dos cotilédones e um sabor amendoado mais delicado que no amendoim sem brotar. Pensei nele como na Tailândia ou Filipinas, onde são comidos como vegetais em refogados. E tem até o produto enlatado. Os brotos e raízes tem sabor adocicado e fragrante e o conjunto permite aquela variação que interessa à boca descobrindo diferentes texturas e sabores num só item.
Amendoim já é rico numa série de nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais além de antioxidantes. Nos brotos, muitas destas substâncias aumentam ainda mais. É o caso do antioxidante resveratrol, que dependendo do tipo de amendoim usado pode chegar a quintuplicar ou mais - de 2,3 a 4,5 mcg/ g para 11,7 a 25,7 mcg/ g (veja trabalho sobre isto aqui) atingindo valores maiores que no vinho (veja aqui). Este polifenol pode ajudar na redução dos níveis de triglicérides e colesterol, prevenindo doenças cardiovasculares e inflamatórias. O teor de proteínas e gorduras diminui, o que é natural , à medida que vai se transformando de semente oleaginosa seca e crocante a vegetal mais tenro e suculento. Em compensação vira um alimento menos calórico.
Mas é a soma dele com tantos outros alimentos saudáveis que equilibra e nos interessa, porque ninguém quer saber de comer cinco amendoinzinhos brotados por dia só como segunda intenção pelo resveratrol cis ou trans. Importa é que é gostoso e é isto que nos impulsiona a comer coisas boas.
Atendendo ao pedido da leitora vegetariana Cristina Cordeiro, de Fortaleza, resolvi testar aquela mesma receita de moqueca de camarão, que comi com taro ou inhame, agora com brotos de amendoim. Juntei ainda cogumelos shimeji, mas nem precisava.
Para os brotos: deixei de molho amendoins bem lavados em água fria durante uma noite (ou umas 8 horas). No outro dia, escorri bem e deixei coberto sem fechar hermeticamente. Enxaguei e escorri umas três vezes por dia (ou sempre que passava pelo cozinha) e em uma semana eles estavam no ponto (veja como fazer direito aqui ou aqui)

Brotos de amendoim em moqueca
1/2 colher (sopa) de azeite de oliva
2 dentes de alho picados
1 cebola picada
1 tomate inteiro picado
1/4 de pimentão verde picado em quadradinhos
1/4 de pimentão vermelho picado em quadradinhos
1 pimenta dedo-de-moça inteira picada
4 colheres (sopa) de folhas de coentro picadas
200 g de brotos de amendoim (de uma semana)
200 g de cogumelos frescos (usei shimeji, mas poderia ser outro)
1 colher (chá) de sal ou a gosto
1/2 xícara de leite de coco
1 colher (chá) de azeite de dendê
1 colher (chá) de suco de limão
Numa panela de barro, aqueça o azeite, junte a cebola e mexa até murchar. Junte o tomate, os pimentões, a pimenta, metade do coentro picado, os brotos de amendoim e os talos do cogumelo picados (reserve o shimeji). Mexa delicadamente, polvilhe o sal e deixe cozinhar com a panela tampada por uns 10 minutos ou até os brotos ficarem macios (mas não moles). Se precisar, junte um pouco de água quente. Junte o cogumelo e espere aquecer bem. Adicione o leite de coco e tampe a panela. Quando a mistura estiver fervendo, experimente o sal e corrija, se necessário. Se quiser, junte mais pimenta dedo-de-moça. Regue por cima o azeite de dendê (use o puro, sem óleo de soja misturado, que é mais gostoso e mais colorido) e o suco de limão. Misture só a superfície, junte o coentro restante e sirva com inhame cozido ou com arroz branco.
Rende umas 4 porções


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Inhame ou taro com camarão



O inhame que fiz com carne-seca estava bom, comi tudo, mas um inhame daquele tamanho não se acaba de uma hora pra outra. Sorte, pois a Nina me clareou as lembranças em email:
Neide, quando gosto de uma coisa não me esqueço mais. Adorei este inhame, era assim mesmo, um pocochito mais magro (mas, também, quem conseguiria um inhame tão gordo?) Quem fez foi a Ina, que hoje é dona do Mestiço, mas ainda não era. Por cima era um camarão ensopado, mas acho que tipo baiano, dendê, coentro, estas coisas. Era uma mistura muito boa.... Bom, tenho certeza que era com dendê e baianices, porque é o único jeito de que gosto de camarão. Agora, de inhame gosto de qualquer jeito e todo dia. Bicotas. Nina
Corri hoje antes do jogo ao Mercado da Lapa, comprei camarão, coco e coentros Foi meu almoço com a cidade em silêncio, televisão desligada, vuvuzelas lá longe. Uma mistura de bobó de inhame desconstruído, com moqueca capixaba no miudinho dos temperos, e moqueca baiana do dendê e leite de coco. Comi de querer mais, mas guardei pro Marcos comer no jantar.



Para a moqueca de camarão
Limpe os camarões (cerca de 500 g com casca), separe alguns inteiros para dourar no azeite com sal e pimenta para enfeitar o prato depois. Tempere 300 g dos camarões limpos com 1/2 colher (chá) de sal, 1 dente de alho, 2 rodelas de pimenta dedo-de-moça e umas gotas de limão - tudo bem socado antes no pilão. Enquanto isso, pique os outros temperos - 1 tomate, pimentão vermelho e pimentão verde (mais ou menos 1/3 de xícara de cada um depois de picado em quadradinhos) e meia cebola. Numa panela de barro, aqueça 1/2 colher de sopa de azeite. Junte a cebola e mexa até murchar. Junte os pimentões e os tomates e adicione umas 2 colheres (sopa) de folhas de coentro picadas. Mexa delicadamente, polvilhe um pouco de sal e deixe cozinhar com a panela tampada por uns 5 minutos ou até tudo começar a ferver (se não usar panela de barro, talvez estes tempos sejam diferentes). Junte o camarão e misture com jeitinho. Despeje o leite de coco e tampe a panela. Quando a mistura estiver fervendo e o camarão ficar opaco, experimente o sal e corrija, se necessário. Ah, se quiser, junte mais pimenta dedo-de-moça em rodelinhas (com ou sem sementes dependendo da sua tolerância a ardidos) junto com o camarão. Regue por cima 1/2 colher (sopa) de azeite de dendê (use o puro, sem óleo de soja misturado, que é mais gostoso e mais colorido) e umas gotas de suco de limão. Misture só a superfície, junte mais folhinhas de coentro frescas e sirva com a rodela de inhame cozida (ou com arroz branco, cará, batata ou cará-moela etc). Rende umas 4 porções
Para o inhame: coloque numa panela com água todas as cascas e cabeças (depois de lavadas por dentro) dos camarões além de um dente de alho, galhos de coentro e 1/2 colher (sopa) de sal. Cozinhe nesta água uma rodela de inhame com 150 g ainda com casca. Quando ficar macio, tire do caldo, descarte a casca com faca pra ficar com borda lisinha, cubra com a moqueca e nhac! Servido, Nina?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Brotos de lentilha no arroz



Iventei de fazer aqueles brotos para postar aqui sem pensar nas consequências - ter que criar receitas para eles. Como os dias tem sido corridos por aqui sem tempo para pensar em algo mais elaborado, tenho enfiado broto em tudo quanto é prato. Já foram para o recheio de torta, para sopa, salada, pão (os de trigo, que bati junto com a água que usaria) e no arroz - se for arroz branco, é só juntar os brotos com o arroz na hora de refogar. Se for um broto mais macio, deixe para juntar quanto o arroz já está quase secando. No caso do arroz integral, pode fazer um refogadinho com manteiga e cebola e juntar quando o arroz já está pronto. O meu fiz assim:
Arroz com brotos de lentilha: refoguei em 1 colher (sopa) de manteiga um dente de alho picado, juntei 1 xícara de arroz branco de Carlópolis e 1 xícara de brotos de lentilha. Refoguei mexendo por 1 minuto, acrescentei 1 colher (chá) de sal e 2 xícaras de água fervente. Quanto tudo começou a ferver, abaixei o fogo no mínimo e deixei cozinhar até a água secar. À parte, fritei até dourar umas rodelas de cebola em azeite, joguei por cima do arroz e nhac com frango caipira de Paraibuna.

Ipê-roxo-de-bola. Alimento para corpo e alma


Tabebuia impetiginosa ou ainda ipê-una, ipê-de-minas, ipê-roxo-do-grande, piúna, piúna-roxa
Não, não se come. Mas deu vontade de mostrar. Não sei se você reparou, mas o entorno de São Paulo está colorido de rosa. Outono e inverno para alguns é assim. Hora de se despir de folhas finas e se fantasiar com casaco de flores virgens assanhadas para colher os frutos em vagem na primavera. No último passeio que fiz a Cunha, fiquei impressionada com a quantidade de ipês-roxos-de-bola floridos nas estradas - tanto na Carvalho Pinto quanto na Dutra. Aquelas bolotas cor-de-rosa constrastanto com o azul anil de um ceu sem nuvens alimentam de poesia corpo e alma para o resto do ano.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Inhame com carne seca. Ou camarão, ou frango..

Aquele inhame/ taro enorme que veio de Fartura ainda esperava sua vez na cesta de legumes, até que ontem me lembrei da lembrança da Nina Horta que me contou ter comido ou visto ou ouvido dizer, isto não me lembro, uma rodela deste inhame gigante posta cozida num prato, e ele ocupava quase todo o prato, coberta com alguma coisa que eu não me lembro se ela não se lembrava ou eu já me esqueci, se era um refogadinho de lagosta, camarão, frango, carne desfiada, carne seca, sei lá. Acho que com qualquer destas delícias fica bom.
Adorei a ideia de não precisar fazer um purê, um creme, um mingau, uma musseline, nem nada. Só mesmo o inhame lilaz ali presençoso, temperado pela natureza e moldado em pastinha macia, cremosa, de sabor delicado. Optei pela carne seca que já tinha cozida e desfiada no freezer para estas horas de aperto. Cozinhei até ficar macia a rodela de inhame em água, sal e umas folhinhas de alfavaca. Deixei a casca que pode ser comida ou descartada na hora de comer. Mas também não sei se foi assim que a Nina comeu, viu ou pensou. Escorri, coloquei no prato e distribui o refogado por cima. A receita da carne seca está
aqui.
Outros inhames desta mesma leva renderam macarrão, pão, etc (se procurar, aí na caixa de busca, por taro ou inhame, achará mais receitas)

Encontro de turma com piquenique



Publiquei um vídeo do piquenique da minha turma da PUC lá no Piperca. Pronto, chega de falar de piqueniques.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Como levar taças em piquenique


Pipoqueira


Esta, profissional, de alumínio grosso, pode ser encontrada no Mercado da Lapa


As duas, de panela de pressão adaptada. A primeira, de Porto Alegre; a segunda, do meu pai
No post das pipocas doces que publiquei na semana passada, falou-se da panela de pressão para estourar pipoca (veja também os comentários). Uma porque é mais grossa e permite que todas as pipocas estourem sem queimar. Outra, que dá pra tampar oferecendo segurança na hora de chacoalhar, além de não queimar o caramelo. Principalmente para as pipocas carameladas só estes dois motivos já são bastante atrativos.
A maioria das pipoqueiras do mercado realmente é fina demais e queima facilmente. Por isto talvez em Porto Alegre estas pipoqueiras adaptadas são tão comuns. Todos os pipoqueiros mandam a grossa panela de pressão para um mesmo lugar, onde adaptam com uma tampa e manivela. Lembrei também da pipoqueira do meu pai. Um dia cheguei em Fartura e ele, mesmo sem saber das gambiarras gaúchas, veio me mostrar a dele. Tirou a borracha e adaptou uma manivela no furo do pino. Simples assim. Veja aqui mais fotos destes e outros usos não autorizados para panelas de pressão.
Mas quem não tem um pai professor pardal e quiser comprar uma boa pipoqueira de alumínio grosso, no Mercado da Lapa tem. Vi ainda no sábado e custa R$ 48,00. Aqui vai o contato do box que tem de um tudo, de cortador de biscoitos a peças para cafeteira italiana e máquinas de moer carne :
Comercial Vendrame de Carra - Tudo para sua cozinha
Mercado da Lapa - Rua Herbart, 47 - Boxes 9/11/13
Tel. 11.3832-8289

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Germinadores ou sprouters. Dá pra improvisar


Germinadores ou sprouters. Uma jarra de vidro, garrafa de leite cortada e furada, cestinha de frutas, forma de queijo ou ricota, peneira plástica, forminha de hambúrguer e até um secador de talheres podem ser usados. O importante é que que os grãos se mantenham úmidos sem água acumulada no recipiente.


Para cobrir, e servem também para escorrer, meias novas de nylon
Tenho porque gosto de quinquilharias e porque meu amigo Pedro Henrique me trouxe de presente de Nova Iorque. Mas ninguém precisa de um sprouter desenhado para este fim quando há tantas maneiras práticas e improvisadas com objetos que você tem na sua cozinha para facilitar a germinação de sementes. Só não pode usar peneiras metálicas, daquelas que enferrujam, porque ninguém quer brotos oxidados.
Vale usar peneiras, formas plásticas de queijo, cestinhas vasadas que vem com frutas (phisalis, por exemplo), um vidro coberto com pano, um recipiente plástico que você fura com ponta de ferro quente ou até garrafas de leite também furadas - se você não tem espaço, pode encaixar uma na outra, está é a vantagem das garrafas. Fiz aqui um apanhado de possibilidades pra ninguém dizer que não faz brotos porque não tem um germinador próprio.
Duas garrafas de leite com fundo furado (eu tenho uma agulha de crochê só pra furar - esquento no fogo até ficar com a ponta vermelha e enfio no plástico) e uma meia de nylon nova para cobrir
E também não precisa comprar sementes especiais, a não ser que queira brotos de agrião, rabanetes e outras sementes que você normalmente não teria na sua despensa. É claro que é preferível que sejam orgânicas e de boa procedência, mas pode usar amendoins, grãos de bico, lentilhas ou outras que você usaria na sua sopa ou na comida do dia-a-dia como o feijão preto ou carioquinha. E, se quiser incrementar, experimente girassol, quinoa, gergelim, trigo.
O que é preciso é deixar os grãos de molho em água fria durante uma noite (há sementes que não precisam de todas estas horas para hidratar, mas este tempo de 8 a 12 horas costuma ser um denominador comum), escorrer bem e manter os grãos sempre úmidos, mas sem água acumulada. Então, umas três vezes por dia é preciso lavar e escorrer. E você pode fazer isto com água de torneira, em cima de uma bacia, para que a água da lavagem possa ser recolhida e reaproveitada para molhar plantas, por exemplo.
Um germinador, sprouter ou sprout maker, nada mais é que um recipiente com furos para que se possa enxaguar e escorrer bem a água mais facilmente. Mas se você colocar as sementes num vidro e, sempre que enxaguar, escorrer bem numa peneira e depois devolver ao vidro, também vai conseguir bons brotos. Para facilitar a operação, pode colocar na boca do vidro um paninho de gaze amarrado com elástico.
Como queria mostrar aqui esta alternativa e não tinha pano deste tipo, fiquei à procura de substituições. Achei no armário umas meias de nylon novas, daquelas curtas, e foi a solução, muito eficaz por sinal. Foi só dar um nozinho para não ter sobras e pronto. O importante é não tampar hermeticamente a vasilha, mas também não permitir que pousem moscas. Até touca de banho pode ser usada quando escolher um grande escorredor tipo lava-tudo (quando a largura da meia não é suficiente)
Deve-se ainda descartar todas as sementes que não estejam perfeitas - quebradas, partidas ao meio ou bichadas, pois elas vão apodrecer e empestear a florestinha de brotos com cheiro nauseabundo.
O ideal também é que se lavem bem os grãos antes de começar e, se possível, deixe-os de molho numa solução desinfetante de verduras, principalmente se vai comer depois os brotos crus - é que, durante o tempo de germinação, se a temperatura subir e as sementes já estavam contaminadas, pode haver crescimento de microorganismos não desejados como a salmonela, por exemplo.
Aqui, lentilha, feijão-mungo, feijão carioquinha, trigo, amendoim - colocados para germinar em tempos diferentes, por isto alguns já estão prontos, outros, não. E em recipientes diferentes
O tempo de germinação vai variar de acordo com as sementes, mas assim que começar a aparecer um brotinho, os brotos já podem ser consumidos - e por vários dias consecutivos, desde que os brotos ainda estejam tenros. Quando passado muito tempo, podem começar a aprodrecer ou criar fungos. Para parar o crescimento, os brotos podem ser embalados em recipientes plásticos e mantidos na geladeira por cerca de três dias.
Ou usos são os mais diversos. Há alguns que vão bem em saladas, há quem prefira comer brotos em sucos (eu não aprecio destruir a forma liquidificando-os). O fato é que podem ser usados como legumes - em caris, sopas, tortas, refogados de legumes, com carne, bolinhos, fritadas etc -, são nutritivos (e não milagrosos), pouco calóricos, lindos e deliciosos.