segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Risoto de momento

Em sã consciência jamais pensaria numa receita assim:  arroz com fiapos de frango assado de padaria,  dois quiabos, dois jilós e duas cenouras com ramos, um rabanete, três tomatinhos, uma pimenta verde e outra vermelha, três inhames bem pequenos e folhas de rúcula. Mas diante da minguada colheita, após trabalho duro na horta insipiente, e  sob efeito da fome que não espera frufrus, nada mais natural que isto, aproveitar tudo o que se tem pra fazer um prato único e saudável, sem desperdícios e sem abrir mão da qualidade (parece marketing de indústria de alimentos, né não?).  Tudo bem que teve um frango de granja que, por sinal, estava bem bom - afinal também tenho meus pecados e são muitos, diga-se.  Um dia antes, quando passamos pela cidade, deu vontade de comer aquele frango de televisão de cachorro cujo perfume chamava vira-lata do outro lado das barrancas do rio. Não resistimos e levamos um pro sítio, todo cheiroso e dourado. Claro que depois de comer as duas grandes coxas, não há mais espaço para nada.  Por isto, tivemos frango em todas as refeições seguintes. E na última, os nacos de frango se juntaram aos vegetais recém-colhidos que, isolados, não dariam uma salada ou um refogado. Então, foram todos para a mesma panela, incluindo os tomatinhos, o inhame, as ramas de cenoura, as folhas de rúcula, o jiló e o quiabo. Apenas refoguei tudo cortado grosseiramente - só as pimentas inteiras - junto com um pouco de cebola bem picada. Juntei os pedaços desossados de frango, ralei um pouco de cúrcuma fresca por cima, um pouco de sal a mais e a mesma quantidade de água de sempre: 2 xícaras para uma de arroz. A panela de barro em fogo baixo cozinhou a mistura lentamente até o arroz ficar macio e ainda úmido.  E depois, nhac com vinho e bye bye nunca mais, pois dificilmente esta receita de momento será repetida, dificilmente outro frango assado será comprado e dificilmente terei daqui pra frente uma colheita tão pobre. Agora, que este resumo da horta cheio de aromas frescos faz um arroz divino de bom, ah isto faz e eu recomendo o modelo, ainda que o agrupamento não pareça muito harmônico, ainda que não tenha naco nenhum de frango ou qualquer outra carne. 


8 comentários:

Maria Amélia disse...

Neide, vira e mexe faço isso lá na chácara. Uma coisinha aqui, outra ali e eis que surge uma bela sopa, um arroz diferente, um refogado inimaginável, uma cobertura de pizza inusitada, uma omelete de flores de abóbora ou as próprias flores empanadas e fritas ou ainda uma sopa de milho meio passadinho com cambuquira. Deu pra notar que amo ter abóboras plantadas? E quiabo tb, são versáteis, podem ser refogados sozinhos (com alho), cozidos no vapor e temperados com limão feito salada, feitos com carne moída ou virar sopa qd meio fibrosos.
É uma alegria só. Vc me deu uma boa idéia, plantar jiló, não me lembro se já tivemos jiló por lá. Ultimamente colhemos muitos pimentões verdes. bjs.

Leticia Cinto disse...

Ha! Só dispensaria o frango, fiquei com água na boca! Maria Amélia, abóbora é tudo de bom né? E flor de abóbora empanada e frita é um manjar dos deuses :) Bjs!

Anônimo disse...

Hummmmmmmmm, que delícia, Neide!! Também invento esses pratos "vai tudo da geladeira". No calor, viram saladas coloridas e no frio, sopas ou cozidos. Ou bolinhos, omeletes, farofas. Aproveito também sobras de carnes temperadas de churrasco, fazendo quibes ou recheios de tortas. Não podemos desperdiçar alimentos, não é? Maria Amélia, meus pais plantavam quiabo comercialmente quando eu era adolescente, eu odiava colhê-los todos os dias, mas depois de tanto tempo, adoro quiabos. Costumo aferventá-los inteiros, com sal e vinagre, depois de frios faço uma salada: corto as pontinhas, tempero com shoyu e limão, ficam ótimos. Plante jiló, é muito fácil cultivar (meu pai também plantava ...) e muito versátil também, adoro. Beijos, Liliana.

angel disse...

Neide
minha sogra que era de fazenda sempre fazia o que ela chamava de "come quieto" e sinceramente era uma das melhores comidas, pois como você fez juntava de tudo um pouco. e plha que isso também valia prá doces que ela fazia juntando as frutas. Sua comida tá é apetitosa.!bjs

lili disse...

Bom isso de ir juntando "o que tem".Gosto muito.

Anônimo disse...

Eu chamo esta mistureba de arroz paraguaio todo mundo tem sua receita, e diga se 'muito bom.(Diulza)

Bel disse...

Olá, Neide, gosto muito do seu blog,as receitas, as idéias, tudo é inspirador. Também faço esses "risotos da horta", com tudo o que tem disponível na horta.São coloridos, nutritivos e apetitosos mesmo!! Bjs.

Priscila Silva disse...

Olá, Neide! Por aqui em casa eu vivo fazendo uns desses risotos de momento, mas com o que há disponível na geladeira, e não na hora, infelizmente. Mas saem coisas bem inusitadas mesmo, e às vezes tem até o frango de padaria também... hehehehehe. Mas a cúrcuma ralada fresca por cima, que eu aprendi lendo o come-se, tem sido ingrediente comum. Beijos