sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Uma pausa para Mombaça




Uma das poucas referências sobre o arraial de São Francisco de Mombaça (BA) que se encontra na rede está associada à sua cria mais ilustre, o cineasta Coni Campos - reproduzo o texto tirado daqui.
Fernando Coni Campos nasceu na Vila de São Francisco de Mombaça (BA), em 15 de abril de 1933, e faleceu no Rio de Janeiro, na véspera de natal de 1988. Trabalhou, no fim da década de 1950, no escritório do arquiteto Lúcio Costa, e no começo da década seguinte com o designer Aloísio Magalhães. Dirigiu os filmes “Morte em três tempos” (1963); “Viagem ao fim do mundo” (1967 – com trilha sonora de Caetano Veloso); “Ladrões de cinema” (1977); e “O mágico e o delegado” (1983). Os filmes de Fernando Coni Campos são uma ponte entre o Cinema Novo e o Cinema Marginal (ou Udigrudi) e são mais que isso. Suas idéias não se restringem à película. Como se vê neste livro, Coni Campos escreveu e debateu – como seus filmes, não precisou se inscrever em movimentos para ser parte de seu tempo. Não é apenas por trazer questões ainda pendentes que vale a pena rever sua produção, mas sobretudo pela criatividade que fez sua produção ser tão marcante – esta, com certeza, é plenamente atual. É o caso, então, de rever – e de reler. Daniel Caetano

Pequena mostra dos ladrilhos hidráulicos na casa dos Coni. Um tipo em cada cômodo - impossível não fotografar
Bem, foi na casa onde nasceu o cineasta que estive durante um dia e uma noite da minha corrida viagem à Bahia. Ali nasceu também Solange, mãe da Silvinha e irmã do Coni Campos. Fundado pelos avós da Silvia, que eram comerciantes de fumo, o vilarejo, hoje com cerca de 800 habitantes e pertencente à Conceição de Almeida, conserva seu casario do começo do século passado (parte dele ainda pertencente aos Coni), sua capela, o campinho de futebol e nome da família espalhado nas placas de rua e praça. As casas grudadas na frente se abrem para os fundos em amplos horizontes verdes, com páteos e jardins. Na frente um enorme quadrado verde que faz lembrar Arraial D´ajuda ou Trancoso pré-turismo predatório. Ali não tem praia por isto não tem pousadas. Mas tem meninos jogando futebol no fim de tarde, como num quadro de Teruz, como lembrou meu amigo Filipe Miguez. E tem menino levando passarinho papa-capim para pegar os primeiros raios de sol. E tem horizonte a perder de vista nos 360 graus. E tem conversinha na calçada a qualquer hora do dia. E na casa onde fiquei, uma mesa enorme, que já conhecia de fama, de tanto a Silvinha falar das merendas fartas da casa da vovó Belita.
O menino Renato, o encontrei de manhãzinha, coisa de seis e meia, sete horas, com o nascer do Sol. Ele estava levando o passarinho papa-capim na gaiola pra passear. E me mostrou o capim com sementinhas que tinha acabado de enfiar na gaiola. E o bichinho comia. Cantei baixinho pra ele: passarinho cantou de dentro de uma gaiola, cantaria melhor se fosse do lado de fora. Ele riu acanhado. Disse que não, não, assim estava melhor, protegidinho. Disse que conversava com o passarinho, que ele gostava de estar assim. Toda manhã o levava para passear. Primeiro, deixou em frente à igreja para pegar um solzinho. Cinco minutos depois carregou a gaiola pelo campo e a pendurou numa porteira. Sentou de longe, sob uma amendoeira, e ficou olhando ora o horizonte, ora o passarinho que cantava feliz. Perguntei antes se ele não preferia ter cachorros, se não gostava. Ele disse que teve um bonitinho, mas morreu atropelado. Porque não arrumou outro? perguntei. Eu arrumei, mas também morreu atropelado. E um gato? .. Ah, depois que os cachorros morreram, arrumei um gato, porque gosto de animaizinhos. Mas este morreu também. Só que matato, a paulada mesmo. Só porque ele comeu o passarinho do vizinho...

10 comentários:

ASSIS SAMPAIO disse...

AS HISTÓRIA DA MOMBAÇA SEMPRE MIM ENCANTA ESSE PEDACINHO DO CEU ONDE A CULTURA,A ARTE E AS VELHAS CONTIGAS DE VELHAS COLHEITAS SE ENCONTRAM ESSA É MINHA QUERIDA MOMBAÇA.

Anônimo disse...

Mombaça palco da minha infancia,minha fonte do saber,sua paz é soberana como é lindo seu viver,aqui encontro a paz.Te amo Mombaça
Virginia Carla Sampaio

Neide Rigo disse...

Virginia,
que coincidência, neste minuto estava revendo as fotos de Mombaça!!
Eu também amei este lugar.
Um abraço,
Neide

Anônimo disse...

Neste pedacinho do céu, é encontrado várias riquezas, quem vem conhecê-lo, sempre retorna... Ah! minha Mombaça que nos faz feliz a cada dia....... Mariane Lopes

Unknown disse...

Fuçando algumas coisas sobre a Mombaça na internet, olha o que achei, é sempre bom saber o quanto as pessoas admira e gosta minha terra, é realmente um lugar bom de se viver, que ainda se prende a algumas tradições que foram perdidas em outros lugares. Uma dica: Venha passar um São João aqui, vai gostar muito. *-*

Anônimo disse...

Ai que saudades da Mombaça... tão linda e tão querida...

Unknown disse...

Conheci a Mombaça por esses dias e não intencionalmente. De passagem por esse vilarejo fui atraída por tão rara beleza e paz transbordante. Que lugar lindo!!!

Unknown disse...

É de fato espetacular minha sobrinha. É linda e receptiva a nossa Mombaça, principalmente no São João.
Abraços em todos.
Saudades,tio Beto!!!😙😙😙

Anônimo disse...

Esse lugar é parte da minha vida,
Aqui vivi uma infância e adolescência muito feliz, lugar lindo e único, a Mombaça é respoñsavel por tudo que sou,
Cebola 08.

Anônimo disse...

Lugar maravilhoso! Minha mãe Beatriz Dias foi criada na Mombaça por minha bisavó Dona Tutu, cujo nome era Maria Saturnina e pelo companheiro dela cujo apelido era Bichinho e nome real Carlos Alberto. Minha mãe foi levada ainda bebê de Elísio Medrado pra Mombaça por minha tia avó Brasília e foi criada aí até os 15 anos quando retornou pra Elísio Medrado. Hoje ela tem 87 anos e lembra com muita saudade de sua infância vivenciada em São Francisco da Mombaça.