quarta-feira, 25 de junho de 2008

Banana pacovã grelhada com gergelim preto, servida com mel de caju


Pois é, à pergunta de ontem só um anônimo deu a resposta certa (veja nos comentários do post anterior). Banana caramelada! Não qualquer banana, é claro. Um bananão. A Jerônima Barbosa, minha amiga do Marajó, veio para o Laboratório Paladar, que aconteceu na semana passada, e me trouxe muitos mimos, entre os quais duas bananas pacovã (também conhecida como farta-velhaco ou chifre de boi), muito comum no Norte. Lembra a nossa banana-da-terra, só que mais gorda e maior – pode chegar a 30 centímetros. Em Manaus ela está por toda parte – no café da manhã e nos fast-foods de rua na forma de chips ou fritas com açúcar e canela. E até nos sandubas.

O gostoso mesmo é comê-la frita ou grelhada, mas bem madura, quando grande parte do amido transformou-se em açúcares. Com mais umidade, mais açúcar e com uma casca flexível e firme que a protege, ela carameliza fácil e bonito sem precisar de qualquer gordura ou reforço de doce. Foi isto que fiz. Deixei ali, amadurecendo, quase um cozimento a frio que a foi tranformando num creme um pouco mais ácido. O segredo é esperar este ponto, o auge da maturação, sem deixar passar. Quando estava bem molinha, julguei ser o momento exato de terminar o preparo no fogão. Cortei ao meio, de comprido, e apenas juntei umas sementinhas de gergelim preto pra dar mais graça – colei na polpa exposta, pressionando com os dedos. E virei as duas metades contra uma frigideira antiaderente bem quente, sem gordura. Depois de uns dois minutos ou quando já estavam bem caramelizadas, virei-as deixando a casca para baixo para cozinhar mais um pouco. Aí foi só regar com um pouco de mel de caju, mas nem precisava, e comer às colheradas direto da barquinha. A cor se intensifica e a fragrância chama quem está lá fora. Na boca, o sabor é de um equilíbrio tão complexo que o manjar parece ter levado dias para ser preparado (e levou!). E a textura, bem, é esta da foto. Não há termomix que consiga reproduzir. Um pudim, um creme, uma musse. O restante comi com salada de alface e carambola temperada com vinagrete.


Coloquei junto a bananinha-ouro só para humilhar. Mentira, é para comparar o tamanho que não tem a ver com qualidade, afinal as pequenas, que comprei na estrada que leva à Santos neste fim de semana, são também muito boas, mas ainda não estavam suficientemente maduras para este tipo de preparo complicadíssimo...

Yes, nós temos bananonas!

8 comentários:

Laurinha disse...

Há! Eu sabia que na minha cozinha não tinha!
E banana assim, caramelada na frigideira, é bom demais!
Aprendi mais uma, boa!
Beijinhos,

Anônimo disse...

que delícia deve ter ficado esta banana,de cara,pelo tamanho,achei que fosse a da terra que eu tanto gosto.O sul é pobre em bananas(variedades),as ouro que eu AMO raramente vejo por aqui e quando acho,não tem gosto bom. Ficaram lindas no prato do Marcos,já havia até esquecido de como era o prato,agora fica registrado,beijo!

Neide Rigo disse...

Mariângela,
que bom que reconheceu o prato feito por nossos maridos - criação de Marcos Nogueira e Rui Gassen. Ficou lindo, não? Aqui também não temos bananas tão grandes e boas quanto estas do Norte. Elas são mais amarelas e cremosas que a nossa banana-da-terra.
beijos, N

Anônimo disse...

Passei longeee.
rsrsrs

Odete disse...

Neide, vir aqui eh certeza de um novo aprendizado. Queria provar dessa banana.
Obrigada por nos mostrar tantas novidades.
beijo

clau disse...

Ola Neide.
Banana é tudo de bom!
E além do mais, sou uma que tem carencia de potassio, tb.
Nao consigo comer-las cruas qdo estao madurassimas, mas assim...!
E estazinha me recordou uma que eu vi os indios comendo, qdo trabalhei com a minha universidade, la no Parque do Xingu.
O gozado, é que eles nao descascavam nao! Apertavam e comiam a pasta que saia pela parte de cima...
Eu, na minha cosmopolice, achei muito insòlita a tal da coisa, mas... TINHA todo o senso!
Bjs!

Edna Moda disse...

Parabéns pelo seu blog que foi mencionado no blog que indica blogs no tema gastronomia http://ednamoda.blogspot.com/

rosemir disse...

Tenho a velhaca plantada aqui na chácara, serra do mar em Morretes Paraná, uma muda filha de uns pés centenários aqui na vizinha que é uma antiga casa de farinha. Faço pão de milho com ela bem madura. Ou pão de banana havaiano. Fica muito bom.